sábado, 15 de setembro de 2018

Tradings enfrentam risco milionário na batalha do frete

Tradings de soja e de milho estão enfrentando dificuldades para operar em meio às incertezas nas regras de frete, que podem trazer perdas adicionais com indenizações num cenário de custos já elevados.

O governo brasileiro elevou os preços de frete rodoviário com a criação de uma tabela de preços mínimos há cerca de três meses, mas algumas empresas não estão cumprindo os valores estabelecidos em algumas rotas, disse Andre Nassar, presidente da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais). A Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA) está contestando a tabela no Supremo Tribunal Federal.

No sábado, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) deu início à fiscalização do cumprimento do piso mínimo para os fretes. Segundo a agência, 101 veículos foram fiscalizados e 31 empresas foram flagradas pagando valores menores do que o mínimo do estabelecido pelo governo.

Se a regra que estabeleceu preço mínimo para os fretes permanecer inalterada, as tradings podem enfrentar ações movidas pelos caminhoneiros, que podem apelar à Justiça para reaver valores que possam ter sido perdidos. O passivo potencial é estimado em R$ 870 milhões, segundo Nassar. Trata-se da diferença entre entre os valores da tabela e os efetivamente praticados nas exportações de soja e de milho de setembro a dezembro deste ano, estimadas em 29 milhões de toneladas. Considerando as exportações realizadas desde a implementação da tabela, esse passivo pode ser ainda maior.

"Como a lei que implementa os preços mínimos de frete é inconstitucional e a regulamentação é ilegal, isso dá conforto para o embarcador operar a preços de mercado", disse Nassar, acrescentando que as empresas têm argumentos para se defender.

Em 5 de setembro, o governo elevou os preços de frete rodoviário pela segunda vez, agora em 5% em média, numa decisão que "aumenta as incertezas para os exportadores", disse Nassar. Segundo ele, nenhum associado da Abiove está comprando soja antecipadamente porque não sabe quais serão os preços de frete no próximo ano.

A Abiove representa tradings e processadoras de soja no País, incluindo ADM, Bunge, Cargill, Louis Dreyfus e Cofco.

A Dreyfus afirmou, por meio de nota enviada por sua assessoria de imprensa, que está revendo os impactos da nova tabela de fretes para a empresa e como a companhia irá responder após a publicação de novos valores na quarta-feirapassada. Cargill, ADM e Cofco não quiseram comentar o assunto. A Bunge não respondeu a um pedido de comentário até a publicação desta reportagem.

FONTE: Guia TRC 11/09/2018

O que precisa avançar no setor de óleo e gás, segundo Adriano Pires

O setor de óleo e gás retomou o crescimento após sofrer anos seguidos com a ausência de leilões e com uma política de subsídio aos preços da gasolina e do diesel. É preciso avançar numa política que siga regras de mercado e promova a competição em todas as fases da cadeia, buscando dobrar a produção nacional.

No upstream, é importante que seja mantido o calendário de leilões para a atividade de exploração e produção (E&P). Nos últimos 2 anos, a retomada dos leiloes de concessão geraram uma arrecadação total de R$11,9 bilhões. Enquanto os de partilha tiveram no excedente de óleo dado para a União um ágio médio superior a 200%.

A Petrobras tem um papel importante nesse processo, por efetivamente, ser o principal player e, ainda, atuar de forma monopolista em alguns elos da cadeia. A estratégia do avanço seria concentrar o foco da empresa no pré-sal e garantir que a política de conteúdo local não funcione como reserva de mercado. Apesar da Lei do Petróleo (nº 9.478/1997) ter acabado com o monopólio legal da Petrobras no refino, isso continua existindo de fato, devido à política intervencionista de preços que acaba por criar barreiras regulatórias e econômicas.

Essas barreiras regulatórias e econômicas impedem a atração de novos investidores no segmento de refino inviabilizando a formação de um mercado concorrência. Essas barreiras pareciam ter sido ultrapassadas com a nova politica de preços da Petrobras adotada a partir do final de 2016, mais a greve dos caminhoneiros trouxe de volta a intervenção no mercado. O interessante e que o mercado de refino no Brasil hoje tenha uma das melhores margens do mundo. Isso ocorre porque na medida que o Brasil será cada vez mais um grande produtor de óleo, a diferença de frete entre o petróleo exportado e os derivados importados poderiam ser agregados as margens de refino e com isso teríamos aqui uma das mais atraentes margens de refino do mundo.

O mesmo raciocínio pode ser aplicado para a cadeia de gás natural. A presença monopolista da Petrobras ao longo de toda a cadeia do gás natural impede a existência de mercado concorrencial. Para alterar esse quadro, seria fundamental que a empresa vendesse, como o fez nos gasodutos de transporte, sua participação nos dutos de escoamento, que levam a produção até o litoral, nas UPGNs, que atuam como refinarias na cadeia de gás e nas distribuidoras estaduais de gás canalizado.

Na área etapas de distribuição e revenda de combustíveis, os preços do mercado interno devem refletir a tendência do mercado internacional e as flutuações da taxa de câmbio. Como os movimentos do preço do petróleo são muito voláteis, seria importante criar um imposto flex que assumisse um valor mais elevado quando o preço do petróleo estiver muito baixo e seja reduzido nos momentos de alta do barril. A criação desse imposto amorteceria os aumentos abruptos tanto do preço do Brent quanto do dólar para o consumidor. Ao mesmo tempo, nos momentos de baixa, esse imposto poderia manter um valor que permitisse a manutenção da competitividade dos combustíveis renováveis , em particular, o etanol e o biodiesel.

Um capítulo particular, que exigiria uma solução, também, particular, seria o chamado “gás de cozinha”. Por atender a uma parcela expressiva da população de baixa renda, é importante que se reavalie o atual subsídio, que mantém o preço de R$65/botijão para todos os consumidores. A estratégia mais adequada seria praticar o valor de mercado, que hoje estaria em torno de R$80/botijão, e oferecer desconto apenas para populações de baixa renda, evitando que se queime lenha e resíduos. Um desconto, por exemplo, de 50%, reduzindo o custo do consumidor para R$40/botijão, poderia ser aplicado para as 8,7 milhões de famílias já cadastradas como beneficiárias da tarifa social de energia elétrica. O subsídio seria fornecido sob a forma de um cartão carregado pelo governo que garantisse o uso apenas para esse fim.

FONTE: Poder 360 11/09/2018

Volume importado de etanol recua 65,7% em agosto, para 45,82 mi de litros

O volume importado de etanol pelo Brasil despencou 65,7% no mês passado e atingiu 45,82 milhões de litros, ante 133,61 milhões de litros em agosto de 2017. O total é também 67,5% menor que os 140,88 milhões de litros de etanol importados em julho deste ano.

Os dados são do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). Nos primeiros oito meses de 2018, o volume importado de etanol chegou a 1,390 bilhão de litros, queda de 6,8% sobre o total de 1,491 bilhão de litros de igual período de 2017.

O volume importado do biocombustível em agosto foi 82,5% inferior ao do total exportado. No mês passado o País enviou 262,5 milhões de litros de etanol ao mercado externo, segundo o MDIC. Mesmo com o recuo no mês passado, as importações nos oito primeiros meses de 2018 superam em 40,6% o total exportado pelo Brasil no período, de 988,3 milhões de litros.

Receita

A importação brasileira de etanol movimentou US$ 19,91 milhões no mês passado, queda de 69% sobre os US$ 64,27 milhões de agosto de 2017 e de 66,1% sobre os US$ 58,74 milhões de julho deste ano. Com o resultado, nos primeiros oito meses de 2018 as importações de etanol movimentam US$ 594,59 milhões, recuo de 25,9% sobre o período de janeiro a agosto de 2017, com US$ 801,97 milhões.

A balança comercial do etanol gerou superávit de US$ 104,89 milhões em agosto, pois as exportações movimentaram US$ 124,80 milhões no mês passado, mas acumula déficit de US$ 153,98 milhões no ano, já que as vendas externas entre janeiro e agosto somaram US$ 545,5 milhões. 

FONTE: Agencia do Estado 11/09/2018

Fim do monopólio da Petrobras no refino é questão mais importante para preço do combustível, diz Guardia

O ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, afirmou nesta quinta-feira que o próximo governo terá que pensar em soluções de caráter mais estrutural para a questão do preço do combustível, sendo a discussão sobre o monopólio do refino a mais importante delas.

"É muito importante que tenha competição também em refino e hoje isso é monopólio da Petrobras. Então essa é uma direção importante... aliás a própria Petrobras concorda com esse caminho, é a nossa posição também, que a gente tem que avançar na abertura do segmento de refino", afirmou ele em entrevista ao canal do YouTube MyNews.

O ministro da Fazenda também apontou que outro tema a ser discutido nesta seara é a instituição de mecanismos que permitam usar a estrutura de impostos como um buffer para a variação do preço internacional do petróleo.

"Isso existe em vários países, a gente já teve isso de maneira semelhante no Brasil, nós precisamos repensar e ter soluções dessa natureza no ano que vem. Só que isso exige mudança da Lei de Responsabilidade Fiscal porque para isso você tem que um imposto regulatório que pode ser reduzido sem a necessidade de compensação nos termos LRF", disse.

Guardia reforçou que o enfrentamento dessas questões ficará a cargo do próximo presidente eleito, já que o subsídio ao diesel concebido pelo governo do presidente Michel Temer para encerrar a greve dos caminhoneiros termina em 31 de dezembro.

Durante a entrevista, ele fez forte defesa da continuidade dos ajustes fiscais e da permanência da regra do teto de gastos, apontando que, sem ela, seria necessário elevar impostos e "isso não poderíamos tolerar".

O ministro também disse que a proposta de reforma da Previdência que já está no Congresso Nacional é boa e seria "excelente ponto de partida" para começar a resolver o desarranjo das contas públicas. Nesse sentido, Guardia voltou a dizer que Temer e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), estão dispostos a colocar o texto para votação depois das eleições, caso o presidente eleito em outubro concorde com a investida.

Após o dólar ter encerrado esta sessão encostando em 4,20 reais, valor mais alto desde a criação do Plano Real, Guardia avaliou que o "grande dilema que está refletido no preço dos ativos é se a dinâmica (de reformas na economia) continuará ou não" após o pleito presidencial.

REFORMA TRIBUTÁRIA

Sobre a proposta de reforma tributária que está sendo estruturada pela atual equipe econômica, o ministro destacou que a ideia é diminuir o Imposto de Renda para empresas para aproximá-lo de padrões internacionais, mas compensando essa perda de receita com tributação sobre dividendos, acompanhada da eliminação da atual estrutura de Juros sobre Capital Próprio.

"O Brasil não pode se dar ao luxo, dada restrição fiscal, de reduzir a carga tributária", defendeu o ministro. 

FONTE: Reuters – 14/09/2018

CADE defende venda direta de etanol, apoiando-se inclusive em material do Notícias Agrícolas

Para alguns agentes do mercado sucroenergético que tentaram diminuir a proposta do Conselho Administrativo de Direito Econômico (Cade), de 28 de maio, favorável à venda direta de etanol, usando entre os argumentos que a mesma foi tomada sem respaldo técnico e apenas pegando carona no clamor público durante a greve dos caminhoneiros, a autarquia federal terminou por desmontar uma a uma as principais críticas.

A Nota Técnica, na qual finaliza, após 14 páginas, sugerindo que a “ANP repense a dicção das resoluções que impedem a venda direta de etanol para postos de combustíveis”, referenda tecnicamente muito, por exemplo, do que o Notícias Agrícolas trouxe para o debate pelas mais diferentes fontes nos últimos meses. Parte dessa nossa contribuição, inclusive, em texto publicado em 7/6 - RenovaBio: venda direta de etanol aos postos exigiria adaptações, mas não o inviabilizaria - foi mencionada e reproduzida no novo parecer do Cade.

Em linhas gerais, quando se defende a ruptura do engessamento do artigo 6º da Resolução 43 de 2009 da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis, que rege o modelo concentrador nas mãos das distribuidoras de combustíveis, nada mais é que aumentar a concorrência e acabar com as “ineficiências econômicas”. Aliás, estas advêm doutra.

É risível aceitar que com um agente a menos no mercado de nada adiantaria no preço final da bomba.

Peguemos um exemplo aleatório. O etanol produzido pela Usina Lins, de Lins (SP), é levado para a tancagem das distribuidoras em Bauru, rodando 100 kms, mas parte dele naturalmente volta para sua origem e cidades vizinhas para abastecer os postos das redes, acrescentando 200 kms nos custos, naturalmente carregados para a bomba. Deixa-se, portanto, a indústria vender diretamente em seu entorno – se quiser e quanto quiser.

E esse condicionamento, à revelia de cada usina e destilaria, é onde o debate praticamente jamais entrou, incluído a mídia em geral, menos o Notícias Agrícolas. Em nenhum momento parte do mercado produtor que mais defende da venda direta – Sindaçúcar PE, Feplana e outras entidades do Nordeste e a Nova Aralco (SP), por exemplo -, pediu a exclusão das distribuidoras, nem condicionou mudança imaginando que os produtores viessem a vender a totalidade de seu etanol diretamente aos postos sem bandeira.

Daí se garante que as leis de mercado ainda continuariam a favor do consumidor, já que se alguma empresa viesse a se aproveitar da venda direta aos postos próximos mas jogando no preço a margem que seria da distribuição, se aproveitando oportunisticamente, haveria a opção do produto com ‘marca’. E certamente mais competitivo do que é hoje.

Da Nota Técnica do Cade ainda é importante apontar que os “distribuidores de combustíveis líquidos, que pertencem a um oligopólio, em um setor sensível e estratégico como o de energia, não devem ou não deveriam ser considerados como garantidores da ordem econômica-tributária nacional, nem deveriam ser entendidos como ‘quase reguladores tributários no caso concreto”. Carregada de sustentação técnica (como se poderá ver na publicação na íntegra, abaixo de deste texto), derruba uma das principais bandeiras dos apoiadores do modelo vigente, segundo a qual o etanol usina-posto embute potencialidade de sonegação.

De tal modo, a autarquia salienta que não se admite pensar em problemas de qualidade do produto e segurança, outra crítica das distribuidoras e da ANP, como sendo só essas intermediárias igualmente as garantidoras. O modelo da ANP de controle atual, explicado no texto, pode e deve ser o garantidor, como já disse a ex-diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, também neste espaço.

Quanto ao RenovaBio, também sob ‘ameaça’ caso se quebre a estrutura atual de distribuição de combustível da cana, fica o que destacamos em nosso texto: não haveria maiores dificuldades em adaptações diante da modelagem onde só as distribuidoras comprariam os CBios (certificados de descarbonização), segundo análise, entre outras, de Marília Folegatti Matsuura, da Embrapa Meio Ambiente, que montou a RenovaCalc, calculadora que contabilizará a emissão de carbono em cada processo produtivo.

O debate está na Câmara dos Deputados, depois de aprovado PL no Senado a favor da venda direta, e deverá entrar em pauta tão logo passe as eleições. E o Cade agora oferece mais fundamento para que o legislativo exija a mudança da ANP. Já que esta até o momento se mostra intransigente, inclusive conseguindo caçar liminar favorável que os produtores haviam conseguido.

FONTE: Notícias Agrícolas 14/09/2018 

sábado, 8 de setembro de 2018

Produção de biodiesel dos EUA cresceu 20% no primeiro semestre

A despeito das polêmicas em torno das metas para os próximos anos do aumento de isenções dadas às refinarias, os fabricantes de biodiesel dos Estados Unidos não têm do que se queixar. Segundo dados da Administração em Informação em Energia (EIA) a produção das usinas norte-americanas nos primeiros seis meses do ano já se aproximam dos 3,19 bilhões de litros.

Para fins de comparação, a produção semestral brasileira ficou em 2,42 bilhões de litros.

O volume fabricado do período é 19,2% maior do que o que havia sido registrado de janeiro a junho de 2017 e supera em muito os 2,73 bilhões de litros que haviam sido produzidos na primeira metade de 2016 – ano que detinha o recorde anterior –.

Se depender do histórico, o ritmo deverá se acelerar ainda mais nos próximos meses. Em média, a produção norte-americana aumenta 18,2% no segundo semestre o que fabrica a produção de biodiesel dos EUA se aproximar dos 6,95 bilhões de litros este ano.

As vendas de biodiesel apuradas pela EIA até o momento chegam perto dos 3,17 bilhões de litros. Apesar de ser um volume bastante respeitável, o biodiesel representa uma fração realmente diminuta na matriz norte-americana de combustíveis com 2,6% do consumo de óleo diesel.

Importação

Em grande parte, esse aumento na produção local corresponde à substituição das importações por biocombustível local. Em outubro, o Departamento de Comércio passou a tarifar o biodiesel originado na Argentina e na Indonésia.

Nos primeiros seis meses do ano, entraram no mercado norte-americano 282,6 milhões de litros de biodiesel. São 481,2 milhões a menos que em 2017 um pouco menos que os 514,7 milhões de litros a mais que foram fabricados.

Do outro lado do balcão, as exportações também deram uma força.

Os embarques nos primeiros seis meses do ano chegaram a 212,1 milhões de litros – alta de 35,6% em relação à 2017. Essa foi a primeira vez em nove semestres que as exportações de biodiesel dos Estados Unidos superar a barreira dos 200 milhões de litros. O Canadá foi o maior comprador com 161,2 milhões de litros importados.

FONTE: Biodieselbr 05/09/2018

Novo cálculo do preço do diesel causará desabastecimento

Importadores ressaltam o risco. Novo cálculo vale desde 6ª (31.ago). Cálculo será usado até o fim do ano. ANP fez mudanças depois de audiência

A nova fórmula para calcular o preço de referência do óleo diesel pode prejudicar a importação do combustível, podendo causar desabastecimento. É o que afirma a Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis).

Em vigência desde 6ª feira (31.ago.2018), a metodologia deve ser usada até o fim do programa de subvenção, em 31 de dezembro de 2018, criado pelo governo federal como resposta à greve dos caminhoneiros. Eis a íntegra da nova regra.

Segundo o presidente da associação, Sérgio Araújo, mesmo com as mudanças feitas na proposta apresentada pela ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) durante audiência pública de 17 de agosto, “ainda existe risco de desabastecimento”. A ANP nega.

Araújo considera que houve melhora na versão em vigor, mas que 3 preços de referência seguem abaixo do praticado pelo mercado:

valor para armazenagem nos portos;

frete rodoviário para transferir produto do porto até as bases de distribuição;

margem de lucro para agentes produtores e importadores de diesel, que deve ser condizente com os riscos da atividade segundo a lei que instituiu a subvenção do combustível.

PETROBRAS ALERTA

Na consulta pública, a Petrobras também se posicionou sobre o risco. “A fórmula proposta tende a inviabilizar a oferta de produto importado e a participação de terceiros não produtores no Programa, restringindo a concorrência no mercado brasileiro”, declarou.

Segundo a estatal, como o país é “deficitário em diesel, há potencial risco de desabastecimento do mercado”. Eis a íntegra do posicionamento.

Questionada se mantém o alerta após as mudanças feitas pela agência, a empresa se disse que “não está comentando o assunto”.

FONTE: Poder 360 03/09/2018

Etanol tem o melhor preço comparativo em 15 anos

Combustível tem melhor vantagem comparativa desde o surgimento do primeiro carro flex, em 2003

“Gasolina ou etanol?, pergunta o frentista do posto. A dúvida, comum na cabeça de todo motorista, não tem sido tão frequente aos juiz-foranos que precisam abastecer seus veículos. Segundo levantamento feito com base nos dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), nunca compensou tanto abastecer com álcool em Juiz de Fora. Na última semana, o preço pago pelo litro do derivado da cana-de-açúcar correspondeu a 54% do valor do litro da gasolina. Essa é o melhor vantagem comparativa desde o início da pesquisa, em 2003.

Para donos de carros bicombustíveis, é possível determinar financeiramente qual combustível é vantajoso com base numa relação média entre o preço da gasolina e etanol, que deve girar em torno de 70%. Na prática, é preciso dividir o preço do litro do álcool pelo da gasolina. Se o resultado da divisão for acima de 0,7, o consumidor deve optar pela gasolina. Se ficar abaixo, a alternativa é o combustível renovável.

Tradicionalmente, nos meses de safra, entre maio e novembro, o álcool tende a ganhar uma ligeira vantagem em relação à gasolina e a compensar nos estados produtores. No entanto, desde 2015, essa paridade pró-etanol não era tão vantajosa. Em Minas Gerais, naquele ano, o percentual esteve baixo (60%) em virtude da redução a alíquota do ICMS do etanol hidratado para 16%, que deu incentivo e competitividade ao setor. Desta vez, o recorde na safra da cana-de-açúcar e a alta nos preços da gasolina, provocada pela mudança de política de preços adotada pela Petrobras, beneficiaram o combustível renovável.

Nos postos, segundo frentistas relataram à reportagem, para cada dez motoristas, sete abastecem com álcool. O preço tem sido o principal fator de mudança na preferência do consumidor. “Desde que a gasolina foi aumentando de preço e o etanol diminuindo, está compensando demais. A gente sempre procura o melhor preço. Eu prefiro a gasolina, mas está muito caro. Todo mundo é sensível ao preço”, afirma o motorista Gilvan dos Santos, 31 anos.

A preferência é compartilhada por outros motoristas, que também levam em consideração o desempenho do veículo com cada combustível no momento de escolha. “Faz quase um ano que estou abastecendo com etanol, pois no meu carro quase não faz diferença no consumo: dez quilômetros por litro com etanol e 12 com gasolina. Enquanto eu encho o tanque com R$ 100 no etanol, eu gasto gasto R$ 200 com gasolina”, exemplifica o professor Pablo Henrique Silva Barbosa, 27.

Apesar do cenário favorável ao combustível derivado da cana-de-açucar, ainda existem motoristas que preferem abastecer com gasolina. É o caso de Paulo César Rodrigues, 56. Por muito tempo, ele abasteceu com etanol, mas por orientação do mecânico passou a abastecer com gasolina aditivada, mesmo com o preço em alta. “Estou seguindo a orientação do mecânico de colocar gasolina. A questão do preço não fez diferença pra mim, já que no meu carro faz muita diferença quando coloco etanol e gasolina, mesmo ele sendo flex”, afirma.

Preços dos combustíveis devem se manter estáveis até novembro

De acordo com dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), o volume total de etanol comercializado pelas unidades produtoras do Centro-Sul somou 1,34 bilhão de litros nos primeiros quinze dias de agosto, um crescimento de 20,32% em relação à mesma quinzena do ano anterior, quando foram produzidos 1,12 bilhão de litros. Com isso, se há pouco mais de um mês, o litro do álcool era encontrado na bomba por R$ 3, hoje é possível encontrar o combustível a R$ 2,28 em alguns postos do município, segundo levantamento da ANP.

Por outro lado, na última quarta-feira (29), o preço da gasolina vendido às distribuidoras sem tributos chegou ao maior valor desde o início da nova política de preços da Petrobras: R$ 2,107. Em agosto, o valor da gasolina já acumula alta de 7,09%, o que deve se refletir na alta do custo do derivado de petróleo.

Na avaliação do presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas do Estado de Minas Gerais (Siamig), Mário Campos, o desempenho do setor é resultado da destinação de 60% de toda a produção recorde para a fabricação de álcool. E a expectativa é de que o setor produza, até novembro deste ano, mais de 2,1 bilhões de litros de etanol hidratado, 30% a mais que o ano passado.

O aumento da oferta tem gerado sinais positivos na demanda. Segundo o presidente da Siamig, a produção do primeiro semestre do ano apresentou crescimento de 96% em relação ao mesmo período de 2017. O alta poderia ter sido maior, não fosse a greve dos caminhoneiros que fez perder dias de consumo. “Esses dez dias de greve a gente não recupera. Isso impactou as vendas num momento em que o mercado de etanol estava ganhando competitividade”, afirma.

A associação espera que o consumo de álcool em agosto bata o recorde de vendas em toda a história. A previsão é de que cerca de 200 milhões de litros de etanol hidratado sejam comprados pelos proprietários em Minas Gerais. O número surpreende diante da pequena participação da fonte energética nas preferências do consumidor, com apenas 30% do mercado. No geral, o setor espera um crescimento de 16% em todo o estado, se comparado com o ano anterior.

A tendência é de que os preços se estabilizem no patamar atual, com aumentos e reduções até o fim da safra, em novembro. A expectativa é de que o consumidor fique mais habituado com o combustível e, assim, faça com que a demanda média permaneça mais elevada. “Temos um potencial enorme de crescer, um potencial de consumidores a conquistar. O preço é a porta de entrada de novos consumidores de etanol hidratado”, afirma Mário Campo, presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas do Estado de Minas Gerais (Siamig).

Postos tentam suprir demanda do consumidor

Com a vantagem comparativa do etanol, muitos postos da cidade estão comprando o dobro do volume do produto que estava sendo adquirido em maio, antes da greve dos caminhoneiros. Segundo dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), as vendas das usinas na região Centro Sul, na primeira quinzena de agosto, atingiram 919,8 milhões de litros de álcool, um aumento de 41,85% em relação ao valor registrado em igual período de 2017 (648,43 milhões de litros).

Apesar de não existir levantamento do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro) sobre o volume de compra dos associados, gerentes e proprietários ouvidos pela Tribuna afirmam que chegam a receber novos carregamentos quase que diariamente com . “Temos comprado uma média de 15 mil litros por semana do produto, antigamente a gente comprava por volta de oito mil. A procura está muito alta”, exemplifica o gerente do Posto Cascatinha, Cleber Lopes.

Além da maior oferta, proprietários tentam suprir a busca do consumidor pelo menor preço, que tem variado pela cidade. Segundo Luiz Balbi, gerente do Posto Romualdo, a concorrência com relação ao preço do tem feito com que os postos reduzam a margem de lucro a fim de alcançar novos consumidores. “O lucro ficou bem achatado diante da concorrência. Estamos trabalhando com uma margem menor, mas esse ano está tendo uma safra boa”, afirma.

FONTE: Tribuna de Minas 02/09/2018

Etanol: hidratado e anidro sobem 5,86% nas usinas

O preço do etanol hidratado subiu 5,86% nas usinas paulistas nesta semana. O combustível saiu de R$ 1,5897, o litro, para R$ 1,6828, o litro, em média, entre segunda-feira e esta quinta-feira, 6, de acordo com o indicador divulgado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq). Em quatro semanas, desde o início do ciclo de aumentos do biocombustível, a variação acumulada é de 20,97%. O valor anidro teve reajuste também de 5,86% esta semana, de R$ 1,6885 o litro para R$ 1,7874 o litro, em média.

Segundo Ivelise Rasera Bragato, pesquisadora do Cepea/Esalq, a demanda aquecida segue como principal fator de sustentação dos preços do etanol. No caso do hidratado, a alta na gasolina também ajuda, já que o preço do biocombustível acompanha o do combustível de petróleo nas bombas. “Esta semana o volume de negócios foi menor, mas seguiu aquecido. A demanda sustenta os preços”, disse. 

FONTE: Estadão 06/09/2018

Etanol: Preço do hidratado tem maior alta da safra 2018/19

bbbbbbbAs cotações dos etanóis anidro e hidratado subiram com força no mercado paulista. Segundo informações do Cepea, especificamente para o hidratado, a elevação da semana passada foi a mais acentuada da temporada 2018/19. Entre 27 e 31 de agosto, o Indicador CEPEA/ESALQ do etanol hidratado (estado de São Paulo) fechou a R$ 1,5897/litro, forte aumento de 9,09% frente ao período anterior. Para o anidro, o Indicador CEPEA/ESALQ foi de R$ 1,6885/litro, elevação de 6,83% na mesma comparação. Representantes de usinas paulistas, mesmo no período de final de mês – quando a necessidade de “fazer caixa” é maior –, não cederam nos preços. A demanda, por sua vez, se manteve bastante aquecida, cenário que impulsionou os valores do etanol.

FONTE: CEPEA 04/09/2018

Combustíveis em alta: Preço médio do etanol tem primeiro aumento em semanas

Com maior aumento para a gasolina, biocombustível segue valorizado e é competitivo em sete estados

1. Na média nacional, o preço do etanol correspondeu a 59,1% do valor de comercialização da gasolina, o menor índice desde julho de 2010
2. No período, foi vantajoso abastecer com etanol em São Paulo, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e no Distrito Federal
3. O preço do etanol nos postos aumentou em cinco estados, diminuiu em 17 e no DF, se manteve no Paraná, no Mato Grosso do Sul e em Rondônia, e não foi registrado no Amapá
4. Preço médio da gasolina subiu 0,38% e o do etanol, 0,19%
5. A cotação do biocombustível voltou a subir nas usinas de Mato Grosso, São Paulo e Goiás

Parece que finalmente o preço do etanol nas bombas dos postos do país está refletindo os aumentos sucessivos nas usinas. Na semana de 26 de agosto a 1 de setembro, tanto o biocombustível quanto a gasolina tiveram aumentos nos seus valores médios. Os dados foram divulgados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Depois de meses de quedas, o aumento de 0,19% no valor do renovável nessa semana não foi prejudicial, mantendo-o valorizado na comparação com o fóssil equivalente.

Na média nacional, o preço do etanol correspondeu a 59,1% do valor de comercialização da gasolina – inferior à paridade energética comercialmente estabelecida em 70% e o menor valor desde a primeira semana de julho de 2010.

O indicador teve uma redução de 0,16%, menor do que a vista nas últimas semanas, mas mantém a competitividade do etanol na tendência favorável vista desde abril.

Preço nas bombas

De acordo com a ANP, entre 26 de agosto e 1 de setembro, o preço do etanol nos postos aumentou em cinco estados, recuou em 17 e no Distrito Federal, se manteve no Paraná, no Mato Grosso do Sul e em Rondônia, e novamente não foi registrado no Amapá.

Mesmo com tantas reduções nos estados, seu preço médio a nível nacional passou de R$ 2,621 para R$ 2,626 por litro. O aumento de 0,19% é o primeiro desde a sequência de reduções vista desde abril.

O valor médio da gasolina também aumentou, passando de R$ 4,429 para R$ 4,446 por litro, um aumento de 0,38%.

Estados

Com as reduções nos preços observadas nas últimas semanas, o biocombustível segue em vantagem em Goiás, São Paulo, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná e Rio de Janeiro, e passou a ser vantajoso também no Distrito Federal.

São Paulo, mais uma vez, apresentou o menor valor médio do etanol nas bombas: R$ 2,408/l, mesmo que tenha aumentado 0,63% na última análise. Com um aumento de 0,84%, para a gasolina, a relação entre os combustíveis chegou a 57%.

Já Mato Grosso segue com o segundo menor valor para o biocombustível, R$ 2,529/l, graças à queda de 0,63%. Com o aumento de 0,24% para a gasolina, o estado atingiu novamente a menor relação entre os combustíveis: 54,8%.

Nos postos mineiros, os dois combustíveis tiveram pequenos aumentos. Ainda assim, a relação média entre eles caiu e se manteve favorável ao biocombustível, 59,2%.

Em Goiás, o preço do etanol caiu 0,11%, enquanto a gasolina subiu 0,15%. Assim, a relação comercial entre eles se manteve favorável para o biocombustível, em 59,9%.

Enquanto isso, no Paraná, o preço do etanol se manteve em R$ 2,658/l, o terceiro mais baixo do país. Com o aumento de 1,06% para a gasolina, a relação entre eles caiu para 61,9%, mantendo-se favorável ao etanol.

O Distrito Federal passou a figurar na lista dos estados em que o biocombustível está valorizado em relação à gasolina após uma queda de 1,91% no seu preço médio. Com uma redução de apenas 0,16% no valor do combustível fóssil, a relação entre eles ficou em 69,9%, favorável ao etanol.

Usinas

Nas usinas, o preço do biocombustível segue subindo em Mato Grosso, Goiás e São Paulo. O Indicador Cepea/Esalq do etanol hidratado no estado paulista mostra que sua cotação subiu 9,09%, chegando a uma alta de 12,1% nas últimas duas análises.

Em Mato Grosso, por sua vez, a cotação do etanol hidratado subiu 8,32% em relação à última análise. No período acumulado, a valorização é de 14,3%.

Já em Goiás, a cotação do etanol nas usinas subiu 10,48% entre as duas últimas análises. Assim, o acumulado nas últimas 54 semanas é de 16,8%.

FONTE: Nova Cana 03/09/2018

sábado, 1 de setembro de 2018

Diesel subsidiado reduz espaço para importação

A nova metodologia de cálculo do preço do diesel, com a concessão de subsídio pelo governo, deve continuar repercutindo no mercado de combustíveis ao longo dos próximos dois trimestres. Enquanto os importadores alegam que as medidas tomadas pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) reduz os incentivos para a importação de óleo diesel, a agência reguladora alega que a medida é emergencial e que não terá impacto sobre a estrutura do setor.

A intervenção estatal no preço dos combustíveis é fruto da paralisação, por dez dias no mês de maio, dos caminhoneiros. À época,o governo federal concedeu um subsídio de R$ 0,30 por litro ao óleo diesel, como forma de estancar a insatisfação dos grevistas, o que beneficiou a Petrobras num primeiro momento e derrubou os incentivos à importação, uma vez que o preço no mercado local ficou baixo demais para justificar a compra do produto no exterior.

A Ipiranga, braço do Grupo Ultra, afirmou que o preço do litro do diesel caiu R$ 0,46 após a greve. Isso, segundo a companhia, gerou uma despesa contábil de R$ 123 milhões no segundo trimestre, visto que o valor do combustível estocado teve que ser ajustado para baixo.

A empresa também registrou um impacto negativo de R$ 40 milhões decorrente de problemas na operação e de queda nas vendas durante a greve dos caminhoneiros.

“O mercado teve um primeiro trimestre bastante fora da curva, com a questão muito grande de produtos importados no mercado”, disse o diretor financeiro e de relações com investidores do Grupo Ultra, André Pires, durante teleconferência de resultados do segundo trimestre.

“Essa tendência foi se corrigindo principalmente ao longo do início do segundo trimestre, mas de certa maneira a greve acabou mudando essa tendência”, acrescentou.

A própria Petrobras mudou sua estratégia após a greve dos caminhoneiros. Se antes a ideia era diminuir o refino de combustíveis no mercado nacional, com a taxa de uso das refinarias em 68% antes da paralisação, depois a lógica se inverteu e a taxa chegou a 81% ao final do segundo trimestre.

Em nota, a Petrobras disse que busca usar seus ativos de forma a garantir a rentabilidade mais adequada à companhia que o nível utilização das refinarias “depende, dentre outros fatores, das cotações de preços de petróleo e derivados, da disponibilidade das unidades de processo e do volume de combustíveis a ser entregue aos clientes”.

Nesta semana o órgão reulador divulgou nova fórmula para o cálculo do subsídio ao diesel. Contudo, os principais importadores acreditam que a metodologia de cálculo para o preço do combustível inviabiliza as operações de importação.

“Os custos considerados pela resolução não refletem a realidade. A nossa expectativa é de que nenhum agente fará importação neste ano”, comentou o presidente executivo da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), Sérgio Araújo.

Segundo a Abicom, a fórmula final da ANP para o preço do diesel resolve a questão dos custos no exterior, algo que era uma preocupação dos agentes do setor em relação à formula original, mas continua prevendo valores inferiores aos efetivamente praticados no mercado para os custos de terminais portuários e para o frete dentro do Brasil.

Segundo ele, além de prejudicar as importações neste ano, a intervenção da agência causa insegurança quanto ao futuro das importações de combustíveis, uma vez que o programa chegará ao fim e a Petrobras, detentora de 98% do refino no país, voltará a ditar os preços no mercado. Neste caso, se ela voltar a praticar preços alinhados com o mercado internacional, os importadores seguirão a mesma política.

“No caso do diesel há um déficit de 20% do volume comercializado. Então vai depender de qual será a política de preço que a Petrobras vai praticar”, disse.

De acordo com relatório do banco UBS, as novas regras para o cálculo da subvenção do governo, divulgada nesta semana pela ANP, devem deixar pouca margem de lucro para as empresas importadoras, o que teria capacidade para aumentar a demanda por combustível refinado no país.

Isto seria positivo para a Petrobras, não fosse o incêndio recente na em sua maior refinaria, a de Paulínia (Replan). O incidente paralisou as atividades no local e forçou a Petrobras a aumentar a compra de combustível no exterior, o que a coloca em situação tão desvantajosa quanto a dos demais importadores.

A empresa deverá importar cinco cargas de óleo diesel, totalizando 1,5 milhão de barris, e uma de querosene de aviação para recompor estoques perdidos com a paralisação na Replan.

“As mudanças [na fórmula do preço de referência do diesel] são insuficientes para garantir a paridade com o preço internacional e margens para as refinarias domésticas e para os importadores”, disse o UBS em relatório.

Entretanto, na visão da ANP, a fórmula não terá impacto sobre a concorrência, e afirmou que tem se pautado por políticas que estimulam a competição no setor. “Temos avaliado a estrutura de refino no Brasil buscando identificar a proposição de medidas que estimulem a entrada de novos atores no segmento, com o objetivo de aumentar a concorrência”, afirmou a agência.

FONTE: Agência CMA 29/08/2018

Importadoras de diesel ameaçam abandonar mercado

Representante das empresas importadoras de combustíveis, a Abicom afirma que suas associadas vão se retirar do mercado de óleo diesel até o fim do ano. Elas consideram insuficiente o preço do produto definido pelo governo em seu cálculo da subvenção ao consumo. “Todo mundo que importar vai ter prejuízo”, disse o presidente da entidade, Sérgio Araújo. Sem a participação dos importadores, há risco de desabastecimento, afirmou. O alerta já havia sido dado pela Petrobrás em audiência pública da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), no dia 17.

A partir de sexta-feira passa a valer nova metodologia de cálculo da subvenção do diesel. A fórmula passará a considerar os custos de frete para trazer o combustível até os portos brasileiros, de tancagem para manter o produto armazenado e de transporte rodoviário até o mercado consumidor. Com isso, o governo esperava atrair importadores para o mercado, para torná-lo mais competitivo. Mas, segundo Araújo, a cotação utilizada como referência para o preço do litro não condiz com a realidade, porque está abaixo da paridade internacional.

FONTE: O Petróleo 30/08/2018

ANP divulga metodologia de cálculo do preço de referência do óleo diesel

A ANP publica amanhã (28/8), no Diário Oficial da União (DOU), resolução que estabelece a metodologia de cálculo do preço de referência (PR) para a concessão de subvenção econômica à comercialização de óleo diesel que estará vigente a partir de 31/08/2018. Essa metodologia de cálculo do preço de referência valerá até o fim do programa de subvenção.

Os principais aperfeiçoamentos realizados na proposta após o período de consulta e audiência pública foram:

- substituição dos indicadores Platts por referências Argus para calcular a paridade de importação (PPI) em quatro portos: Itaqui, Suape, Paranaguá e Santos;
- inclusão dos custos de movimentação e armazenagem nos terminais portuários;
- consideração dos custos de logística interna para entrega em cada uma das regiões do país;
- separação das bases regionalizadas Sudeste e Centro-Oeste.

FONTE: ANP 28/08/2018 

MT mostra entusiasmo na produção de etanol de milho

Produção de Mato Grosso abasteceria não apenas o estado, mas também Amazonas e Rondônia.

Mato Grosso mostra um entusiasmo pelo etanol de milho, e o histórico das vendas de combustíveis no estado e nas regiões vizinhas aponta para um bom potencial.

A avaliação é de Andy Duff, analista de açúcar e de etanol do Rabobank, banco especializado em agronegócio.

Na safra 2017/18, Mato Grosso produziu 1,40 bilhão de litros de etanol. Deste volume, 290 milhões foram de combustível oriundo de milho.

A capacidade produtiva a ser incorporada no setor é de 1,5 bilhão de litros, considerados apenas os grandes projetos com o cereal a serem desenvolvidos nos próximos anos.

A produção de Mato Grosso abasteceria não apenas o estado, mas também Amazonas e Rondônia. Nessa região, o consumo de combustível do ciclo Otto (gasolina e etanol) tem evolução média anual de 8%.

A perspectiva de crescimento, tomando como base a média histórica da região, é boa, mas depende de alguns fatores, diz Duff.

Essa dependência passa pela evolução da renda da população, pelo acesso a crédito para a aquisição de carros e pelo aumento do uso do veículo.

O estrategista destaca, ainda, que o aumento do consumo do etanol hidratado depende da eficiência do combustível e da paridade de preços entre álcool e gasolina.

Duff traça dois cenários. Se a gasolina mantiver a fatia atual de mercado, a demanda nos estados de Mato Grosso, Amazonas e Rondônia aumentará 1 bilhão de litros de 2017 a 2023. Eficiência maior do etanol gerará um aumento de 2,1 bilhões de litros no período.

É difícil avaliar os preços futuros, segundo o analista do Rabobank. Eles dependem da oferta de etanol e do valor da gasolina. Já este depende dos preços externos do petróleo, do câmbio e da tributação.

A produção de etanol de milho e de seus derivados (o DDGS é um deles) é interessante, principalmente se o preço do cereal refletir o valor médio dos últimos anos e a venda de etanol ocorrer no estado e na vizinhança sob as condições atuais de precificação da gasolina, diz Duff.

O etanol de milho movimenta outras atividades. Serão necessários 85 mil hectares de eucalipto para a produção de cavacos para a industrialização projetada.

Duff alerta, no entanto, que a demanda de etanol e os preços futuros, por causa da volatilidade natural no setor, podem gerar riscos. É importante testar os projetos com cenários de estresse (Folha de S.Paulo, 28/8/18)


FONTE: Folha 28/08/2018

SUCRO/CEPEA: Diminui vantagem do açúcar frente ao etanol nesta safra

O açúcar cristal negociado por usinas do estado de São Paulo tipicamente remunera mais que os etanóis anidro e hidratado. Essa vantagem do adoçante frente ao biocombustível, no entanto, vem diminuindo na parcial desta safra paulista, segundo apontam cálculos realizados pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP.

Pesquisadores do Cepea indicam que esse cenário está atrelado, especialmente, à baixa no preço do cristal no mercado interno no correr desta temporada, o que, por sua vez, se deve às quedas externas do adoçante, devido ao superávit global da commodity. A Organização Internacional de Açúcar (OIA) projeta superávit de 6,747 milhões de toneladas na safra mundial 2018/19.

De acordo com cálculos realizados pelo Cepea, no acumulado desta safra (de abril a 24 de agosto), o açúcar cristal remunerou apenas 12% a mais que o etanol anidro, enquanto que, nas safras 2016/17 e 2017/18, remunerava bem mais, 66% e 50%, respectivamente. Quanto ao hidratado, o açúcar está 17% mais vantajoso na atual safra, sendo que, nas duas temporadas anteriores, estava 75% e 57% mais remunerador, na mesma ordem. Na semana passada, especificamente, o açúcar remunerou 13% mais que o anidro e 14% mais que o hidratado. 

ETANOL – A demanda por etanol seguiu aquecida na semana passada, enquanto a necessidade de venda por parte das usinas foi menor. No geral, os volumes negociados nos principais estados produtores foram expressivos, o que resultou em alta de preços praticamente diárias.

Entre 20 e 24 de agosto, o Indicador CEPEA/ESALQ do etanol hidratado (estado de São Paulo) fechou a R$ 1,4572/litro, aumento de 4,75% frente ao da semana anterior e a terceira maior alta da safra atual. O Indicador CEPEA/ESALQ do etanol anidro, também no mercado paulista, fechou em R$ 1,5805/litro, elevação de 1,13% no mesmo período.

ETANOL X GASOLINA – Cálculos realizados pelo Cepea com base nos dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) mostram que a paridade média de preços entre o etanol e a gasolina esteve bastante favorável para o hidratado entre abril e a segunda quinzena de agosto frente aos últimos cinco anos-safras. Segundo dados da ANP, nas bombas de São Paulo, de 19 a 25 de agosto, o preço da gasolina C foi de R$ 4,189/litro e o do etanol, de R$ 2,393/litro, gerando relação média de preços entre os combustíveis de 57,1%.

Na parcial desta safra, em Goiás, Mato Grosso e São Paulo, as relações ficaram abaixo de 70% (a 67,6%, 64,7% e 65,8%, respectivamente), enquanto em Minas Gerais e Paraná estiveram acima desse patamar (em 70,4% em ambos os estados), sendo, nestes dois últimos estados, indiferente abastecer com um ou outro combustível. 

FONTE: CEPEA 28/08/2018

Fipe: relação etanol/gasolina cai a 58,09%, seguindo no menor nível desde 2010

A relação entre os preços do etanol e da gasolina manteve-se abaixo de 60% na terceira semana deste mês na capital paulista, conforme a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). No período, essa equivalência atingiu 58,09% após 58,83% na anterior. O resultado é menor para uma terceira semana de agosto desde 2010, quando alcançou 57,61%, refletindo a ampla oferta do álcool combustível, afirma Moacir Mokem Yabiku, gerente de pesquisa da Fipe.

No Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que mede a taxa de inflação na cidade de São Paulo, os preços do etanol acentuaram o ritmo de queda na terceira quadrissemana de agosto - últimos 30 dias terminados na quinta-feira (23). No período, o recuo foi de 6,76% após retração de 6,63% na anterior. Já os preços da gasolina diminuíram a velocidade de declínio para 1,34% depois do recuo de 1,53% antes.

Para especialistas, o uso do etanol deixa de ser vantajoso quando o preço do derivado da cana-de-açúcar representa mais de 70% do valor da gasolina. A vantagem é calculada considerando que o poder calorífico do etanol é de 70% do poder do combustível fóssil. Com a relação entre 70% e 70,5%, é considerada indiferente a utilização de gasolina ou etanol.

FONTE: Estadão 27/08/2018

Usinas de etanol de três estados estão prontas para venda direta aos postos

Produtores de Pernambuco, Alagoas e Sergipe saem na frente

As usinas de Pernambuco, Alagoas e Sergipe, que iniciaram a safra 2018/2019 esta semana, já estão preparadas para a venda direta de etanol aos postos. Até definiram com as secretarias de Fazenda a logística fiscal, preservando integralmente os impostos. A Agência Nacional do Petróleo (ANP) ainda não revogou sua regra suspeita, prestes a ser anulada no Congresso ou na Justiça Federal, que obriga os produtores a venderem etanol só às distribuidoras de combustíveis. A informação é da Coluna Cláudio Humberto, do Diário do Poder.

As distribuidoras/atravessadoras cobram dos postos o dobro e até o triplo do valor que pagam pelos combustíveis às usinas e às refinarias.

A proibição da venda direta do etanol e da gasolina aos postos, desde 2009, é tão suspeita que tem tudo para virar operação policial.

Além de indecorosa, a regra da ANP desrespeita o artigo 170 da Constituição, que garante o direito à livre concorrência.

FONTE: Diário do Poder 30/08/2018