sábado, 1 de setembro de 2018

MT mostra entusiasmo na produção de etanol de milho

Produção de Mato Grosso abasteceria não apenas o estado, mas também Amazonas e Rondônia.

Mato Grosso mostra um entusiasmo pelo etanol de milho, e o histórico das vendas de combustíveis no estado e nas regiões vizinhas aponta para um bom potencial.

A avaliação é de Andy Duff, analista de açúcar e de etanol do Rabobank, banco especializado em agronegócio.

Na safra 2017/18, Mato Grosso produziu 1,40 bilhão de litros de etanol. Deste volume, 290 milhões foram de combustível oriundo de milho.

A capacidade produtiva a ser incorporada no setor é de 1,5 bilhão de litros, considerados apenas os grandes projetos com o cereal a serem desenvolvidos nos próximos anos.

A produção de Mato Grosso abasteceria não apenas o estado, mas também Amazonas e Rondônia. Nessa região, o consumo de combustível do ciclo Otto (gasolina e etanol) tem evolução média anual de 8%.

A perspectiva de crescimento, tomando como base a média histórica da região, é boa, mas depende de alguns fatores, diz Duff.

Essa dependência passa pela evolução da renda da população, pelo acesso a crédito para a aquisição de carros e pelo aumento do uso do veículo.

O estrategista destaca, ainda, que o aumento do consumo do etanol hidratado depende da eficiência do combustível e da paridade de preços entre álcool e gasolina.

Duff traça dois cenários. Se a gasolina mantiver a fatia atual de mercado, a demanda nos estados de Mato Grosso, Amazonas e Rondônia aumentará 1 bilhão de litros de 2017 a 2023. Eficiência maior do etanol gerará um aumento de 2,1 bilhões de litros no período.

É difícil avaliar os preços futuros, segundo o analista do Rabobank. Eles dependem da oferta de etanol e do valor da gasolina. Já este depende dos preços externos do petróleo, do câmbio e da tributação.

A produção de etanol de milho e de seus derivados (o DDGS é um deles) é interessante, principalmente se o preço do cereal refletir o valor médio dos últimos anos e a venda de etanol ocorrer no estado e na vizinhança sob as condições atuais de precificação da gasolina, diz Duff.

O etanol de milho movimenta outras atividades. Serão necessários 85 mil hectares de eucalipto para a produção de cavacos para a industrialização projetada.

Duff alerta, no entanto, que a demanda de etanol e os preços futuros, por causa da volatilidade natural no setor, podem gerar riscos. É importante testar os projetos com cenários de estresse (Folha de S.Paulo, 28/8/18)


FONTE: Folha 28/08/2018

SUCRO/CEPEA: Diminui vantagem do açúcar frente ao etanol nesta safra

O açúcar cristal negociado por usinas do estado de São Paulo tipicamente remunera mais que os etanóis anidro e hidratado. Essa vantagem do adoçante frente ao biocombustível, no entanto, vem diminuindo na parcial desta safra paulista, segundo apontam cálculos realizados pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP.

Pesquisadores do Cepea indicam que esse cenário está atrelado, especialmente, à baixa no preço do cristal no mercado interno no correr desta temporada, o que, por sua vez, se deve às quedas externas do adoçante, devido ao superávit global da commodity. A Organização Internacional de Açúcar (OIA) projeta superávit de 6,747 milhões de toneladas na safra mundial 2018/19.

De acordo com cálculos realizados pelo Cepea, no acumulado desta safra (de abril a 24 de agosto), o açúcar cristal remunerou apenas 12% a mais que o etanol anidro, enquanto que, nas safras 2016/17 e 2017/18, remunerava bem mais, 66% e 50%, respectivamente. Quanto ao hidratado, o açúcar está 17% mais vantajoso na atual safra, sendo que, nas duas temporadas anteriores, estava 75% e 57% mais remunerador, na mesma ordem. Na semana passada, especificamente, o açúcar remunerou 13% mais que o anidro e 14% mais que o hidratado. 

ETANOL – A demanda por etanol seguiu aquecida na semana passada, enquanto a necessidade de venda por parte das usinas foi menor. No geral, os volumes negociados nos principais estados produtores foram expressivos, o que resultou em alta de preços praticamente diárias.

Entre 20 e 24 de agosto, o Indicador CEPEA/ESALQ do etanol hidratado (estado de São Paulo) fechou a R$ 1,4572/litro, aumento de 4,75% frente ao da semana anterior e a terceira maior alta da safra atual. O Indicador CEPEA/ESALQ do etanol anidro, também no mercado paulista, fechou em R$ 1,5805/litro, elevação de 1,13% no mesmo período.

ETANOL X GASOLINA – Cálculos realizados pelo Cepea com base nos dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) mostram que a paridade média de preços entre o etanol e a gasolina esteve bastante favorável para o hidratado entre abril e a segunda quinzena de agosto frente aos últimos cinco anos-safras. Segundo dados da ANP, nas bombas de São Paulo, de 19 a 25 de agosto, o preço da gasolina C foi de R$ 4,189/litro e o do etanol, de R$ 2,393/litro, gerando relação média de preços entre os combustíveis de 57,1%.

Na parcial desta safra, em Goiás, Mato Grosso e São Paulo, as relações ficaram abaixo de 70% (a 67,6%, 64,7% e 65,8%, respectivamente), enquanto em Minas Gerais e Paraná estiveram acima desse patamar (em 70,4% em ambos os estados), sendo, nestes dois últimos estados, indiferente abastecer com um ou outro combustível. 

FONTE: CEPEA 28/08/2018

Fipe: relação etanol/gasolina cai a 58,09%, seguindo no menor nível desde 2010

A relação entre os preços do etanol e da gasolina manteve-se abaixo de 60% na terceira semana deste mês na capital paulista, conforme a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). No período, essa equivalência atingiu 58,09% após 58,83% na anterior. O resultado é menor para uma terceira semana de agosto desde 2010, quando alcançou 57,61%, refletindo a ampla oferta do álcool combustível, afirma Moacir Mokem Yabiku, gerente de pesquisa da Fipe.

No Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que mede a taxa de inflação na cidade de São Paulo, os preços do etanol acentuaram o ritmo de queda na terceira quadrissemana de agosto - últimos 30 dias terminados na quinta-feira (23). No período, o recuo foi de 6,76% após retração de 6,63% na anterior. Já os preços da gasolina diminuíram a velocidade de declínio para 1,34% depois do recuo de 1,53% antes.

Para especialistas, o uso do etanol deixa de ser vantajoso quando o preço do derivado da cana-de-açúcar representa mais de 70% do valor da gasolina. A vantagem é calculada considerando que o poder calorífico do etanol é de 70% do poder do combustível fóssil. Com a relação entre 70% e 70,5%, é considerada indiferente a utilização de gasolina ou etanol.

FONTE: Estadão 27/08/2018

Usinas de etanol de três estados estão prontas para venda direta aos postos

Produtores de Pernambuco, Alagoas e Sergipe saem na frente

As usinas de Pernambuco, Alagoas e Sergipe, que iniciaram a safra 2018/2019 esta semana, já estão preparadas para a venda direta de etanol aos postos. Até definiram com as secretarias de Fazenda a logística fiscal, preservando integralmente os impostos. A Agência Nacional do Petróleo (ANP) ainda não revogou sua regra suspeita, prestes a ser anulada no Congresso ou na Justiça Federal, que obriga os produtores a venderem etanol só às distribuidoras de combustíveis. A informação é da Coluna Cláudio Humberto, do Diário do Poder.

As distribuidoras/atravessadoras cobram dos postos o dobro e até o triplo do valor que pagam pelos combustíveis às usinas e às refinarias.

A proibição da venda direta do etanol e da gasolina aos postos, desde 2009, é tão suspeita que tem tudo para virar operação policial.

Além de indecorosa, a regra da ANP desrespeita o artigo 170 da Constituição, que garante o direito à livre concorrência.

FONTE: Diário do Poder 30/08/2018

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Tabelamento do frete rodoviário impede avanço da produção de soja

Tabelamento do frete

Sancionada no dia 30 de maio de 2018, a Medida Provisória Lei nº 13.703/18, que trata do tabelamento do frete, continua em discussão pelos principais setores da economia do país.

Nesta quarta-feira (22), representantes de oito entidades da indústria e do agronegócio se reuniram para debater o tema em evento organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Denominado ‘Seminário Frete sem Tabela, Brasil com Futuro’, o encontro contou com a presença do presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Bartolomeu Braz. Na ocasião, ele criticou o tabelamento dos preços do frete rodoviário e disse que o governo agiu sob pressão da categoria.

Ainda segundo Braz, “o país tinha uma projeção de crescimento de áreas de mais de 4% na produção de soja e isso foi inibido devido a essa situação que não se resolve”. Além disso, ele afirma que o tabelamento já implicou nos aumentos dos fretes cobrados em alguns percursos.

“O frete está de 20 a 30% mais caro. Se o custo de produção ultrapassa, o produtor vai tirar o pé e isso vai cair a produtividade e pode cair emprego. Menos exportações, menos economia”, ressalta o presidente da Aprosoja Brasil.

De acordo com dados do grupo de pesquisa feita Esalq/LOG, a soja é produto que mais sofrerá como tabelamento do frete. Os gastos com escoamento do grão podem chegar a R$14 bi. O valor representa um aumento de 156% quando comparado a última safra.

O ex-secretário nacional de Justiça, Beto Vasconcellos, também participou do seminário e ficou incumbido de falar sobre a atuação do Judiciário na questão que envolve o tabelamento do frete rodoviário.

De acordo com o especialista, a lei que estabeleceu o tabelamento do frete rodoviário gera insegurança jurídica. Um dos fatores, segundo Vasconcellos, é o fato de a medida está sob análise do Supremo Tribunal Federal (SFT), sem perspectiva de data para ter o processo concluído.

O segundo ponto apresentado por ele é “a dificuldade que a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) terá para cumprir o que determina a tabela diante das inúmeras variáveis para a definição do preço de um frete.”

Além disso, o ex-secretário faz um alerta ao comparar o modelo de tabelamento do frete ao sistema de cartelização. “O efeito desse preço tabelado é igual a como se houvesse um cartel que define por si só o preço, e não o mercado competindo entre si, disputando o melhor preço e a melhor qualidade de serviço.”

A diretora de Relações Institucionais da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Mônica Messenberg, também esta presente no evento e reforçou o argumento de que, o tabelamento vai gerar um custo. Segundo ela, o reajuste nas relações econômicas vai gerar um gasto relativamente alto que, possivelmente será pago pelo consumidor. “Só para exemplificar, nós temos o aumento do preço do pão que se materializou e vai continuar.”

Tabelamento do frete

Com a sanção da Lei 13.703/18, petição apresentada pela indústria acrescenta elementos à ADI 5964 contra a MP 832, que fixou os preços mínimos para o transporte, e reforça pedido de suspensão cautelar da lei e de portarias da ANTT.

No dia 9 de agosto, a CNI encaminhou um pedido para que o STF declare inconstitucional a lei que estabeleceu o tabelamento dos preços do frete rodoviário. O novo documento também pede a suspensão cautelar dos efeitos da lei e de todas as portarias editadas pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

FONTE: Segs 23/08/2018