sábado, 30 de junho de 2018

Glencore Energy fecha acordo para compra de 78% da Ale Combustíveis

A Glencore Energy informou nesta sexta-feira que assinou, por meio de subsidiária no Brasil, um acordo para adquirir 78 por cento da Ale Combustíveis, quarta maior distribuidora de combustíveis do Brasil.

Marcelo Alecrim, um dos fundadores da Ale, manterá 22 por cento de fatia no negócio e assumirá o posto de presidente do Conselho de Administração com a conclusão do acordo.

"O investimento proporcionará à Glencore uma plataforma sólida para aproveitar as significativas oportunidades de crescimento interno no setor de combustíveis, com a maior parte do aumento da demanda a ser atendido pelas importações", disse a empresa.

A Ale tem cerca de 1.500 postos de combustíveis em 22 Estados do Brasil, além de cerca de 260 lojas de conveniência.

A transação está sujeita a aprovação do órgão antitruste Cade.

A Ale disputa mercado com empresas como a BR Distribuidora, controlada pela Petrobras, e Raízen, joint venture da Cosan com a Shell.

FONTE: Reuters 29/06/2018

Caminhoneiros discutem tabela do frete mínimo no STF

Representantes de caminhoneiros e dos setores industrial e do agronegócio voltam a se reunir, hoje (28), no Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília. Convocados pelo ministro Luiz Fux, eles tentam mais uma vez chegar a um acordo sobre o custo do transporte de cargas e a proposta de criação de uma tabela com valores mínimos de fretes.

É a segunda audiência presidida pelo ministro. Como não houve acordo no último dia 20, Fux estabeleceu um prazo até hoje (28) para que as partes cheguem a um consenso. Caso contrário, o próprio ministro decidirá o assunto após colher as sugestões de especialistas, durante audiência pública pré-agendada para o dia 27 de agosto.

A reunião, agendada para as 11 horas, começou com quase uma hora e meia de atraso. Além de representantes de caminhoneiros e das entidades que questionam a constitucionalidade da medida provisória que estabelece a tabela de frete mínimo para o transporte rodoviário, participam da audiência representantes da Advocacia-Geral da União (AGU), do Ministério dos Transportes e da Agência Nacional de Transportes Terrestres (Antt).

O tabelamento do frete foi uma das reivindicações de caminhoneiros atendidas pelo governo federal, no fim do mês passado, para tentar pôr fim à paralisação que durou 11 dias e afetou diversos setores da economia.

Hoje, a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) informou à Agência Brasil que espera que os setores que contratam o transporte de carga se sensibilizem e apresentem uma proposta satisfatória para tentar por fim ao impasse. A entidade defende a implementação de valores mínimos de frete.

Já a assessoria da Confederação Nacional da Indústria (CNI) voltou a se manifestar contrária a que o governo fixe preços mínimos para a realização do serviço.

A CNI é autora de uma das três Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) relatadas por Fux que questionam a constitucionalidade da chamada MP do Frete. Outras duas foram ajuizadas pela Associação do Transporte Rodoviário de Carga do Brasil (ATR Brasil) e pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Na semana passada, durante a primeira reunião no STF, a CNI defendeu que sejam estabelecidos valores de referências, não obrigatórios, a partir dos quais a contratação dos serviços possam ser negociados entre as partes.

Além da reunião com o ministro Luiz Fux, técnicos da Agência Nacional de Transporte Terrestre (Antt) conversam com representantes dos setores produtivos que contratam o transporte rodoviário e analisando as propostas de tabelamento apresentadas pela Federação dos Caminhoneiros Autônomos (Fecam) e pela Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam).

A Abcam afirma que as sugestões para a composição do valor do frete entregues à ANTT, no último dia 14, são compatíveis com a realidade do setor. A entidade, que diz representar cerca de 600 mil caminhoneiros autônomos de todo o país, filiados a uma das 54 entidades associadas, não está participando das negociações conduzidas pelo ministro Luiz Fux.

Favorável a algum tipo de tabelamento mínimo do frete, a Abcam confirmou à Agência Brasil que vem recebendo relatos de que empresas não estão cumprindo a tabela atualmente em vigor – a primeira, publicada originalmente no dia 30 de maio, e a que voltou a vigorar depois que a ANTT suspendeu a segunda versão, no dia 7 de junho.

Embora espere que o governo fiscalize o cumprimento da primeira tabela e oriente os caminhoneiros autônomos a denunciarem as empresas que se negarem a pagar o valor mínimo fixado para o frete, a associação disse entender que, enquanto o Supremo Tribunal Federal (STF) não julgar o assunto ou as partes chegarem a um acordo, o impasse vai persistir com prejuízos para todos, principalmente para os caminhoneiros autônomos. Segundo estes, os valores recebidos, muitas vezes sequer cobrem os custos da viagem, como manutenção do veículo, combustível e outros gastos.

FONTE: Agência Brasil 29/06/2018

Governo notifica distribuidoras que não reduziram preço do diesel

Petrobrás, Ipiranga, Raízen, Alesat, Ciapetro, Royal Fic e Zema foram notificadas a esclarecer por que não repassaram integralmente o desconto garantido pelo governo federal sobre ao preço do diesel.

Ministério da Justiça, por meio do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC), notificou as distribuidoras Petrobrás, Ipiranga, Raízen, Alesat, Ciapetro, Royal Fic e Zema a esclarecer por que não repassaram integralmente o desconto garantido pelo governo federal sobre ao preço do diesel. A medida foi anunciada no final de maio em uma negociação entre governo e caminhoneiros para encerrar uma paralisação da categoria que durou 11 dias em diversas estradas brasileiras.

FONTE: Brasil Postos 29/06/2018

Produção nacional de petróleo cresceu 4,2%, mas refino caiu

Brasil produziu em média 2,6 milhões de barris por dia no ano passado. Fabricação de derivados, porém, recuou 3,7%, para 1,9 milhão de barris diários, e País gastou mais com importações.

Rio de Janeiro – A produção brasileira de petróleo cresceu pelo quarto ano consecutivo, atingindo 2,6 milhões de barris por dia em 2017, um aumento de 4,2% em relação ao ano anterior. A informação é da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que divulgou nesta sexta-feira (29) os dados consolidados do setor relativos ao ano passado.

Segundo o relatório, o crescimento da produção de petróleo foi liderado pela elevação da produção nos campos do pré-sal, que alcançou a média de diária de 1,3 milhão de barris por dia no ano, cerca de 50% da produção nacional.

Já a produção diária de gás natural em 2017 foi de 109,91 milhões de metros cúbicos, um crescimento de 5,9% em relação a 2016. Mais uma vez houve participação expressiva dos campos do pré-sal, que no ano passado responderam por 45,3% de todo o gás extraído no País.

Em consequência do aumento da produção, o Brasil reduziu sua necessidade de importação de petróleo no ano passado em 16,4%. Foram importados, em média,149,2 mil barris por dia. Por outro lado, as exportações alcançaram o maior valor da série histórica: 996,6 mil barris por dia, um aumento de 24,8%.
Refino

Apesar do aumento na produção de petróleo e gás, o País fechou o ano com queda no refino. A produção de derivados caiu 3,7%, em relação a 2016, atingindo 1,9 milhão de barris por dia, o equivalente a 76,2% da capacidade instalada do Parque Nacional de Refino.

Nesse sentido, houve um crescimento de 26,1% no volume de importações de derivados para atender à demanda interna, que foi de 615,7 mil barris por dia. Com o aumento dos preços internacionais, o dispêndio com a importação de derivados, principalmente óleo diesel, aumentou 57,5%.

No setor de biocombustíveis, a produção de etanol manteve-se praticamente estável e a produção de biodiesel foi 12,9% superior ao ano anterior, em decorrência, principalmente, do aumento do teor de mistura no óleo diesel para 8%.

FONTE: ANBA 29/06/2018

Doze estados e o Distrito Federal reduzem preço médio do óleo diesel

O Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) publicou no Diário Oficial da União nova tabela com os preços de combustíveis a serem usados como o valor médio ao consumidor. Doze estados e o Distrito Federal reduziram o chamado preço médio ponderado ao consumidor final (PMPF) do óleo diesel.

Foram eles: Acre, Amazonas, Amapá, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Roraima, Rio Grande do Sul, Sergipe e Tocantins. Os novos valores devem começar a ser praticados no dia 1o de julho e fazem parte dos esforços para garantir a redução dos preços dos combustíveis, prometida para pôr fim à greve dos caminhoneiros, no mês passado. O PMPF serve de base para o recolhimento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) feito pelas refinarias.

Em relação ao óleo diesel, o estado que efetivou a menor redução foi Mato Grosso do Sul, onde a queda no preço médio por litro foi de R$ 0,27. O valor passou de R$ 3,65 para R$ 3,38. Em segunda lugar quanto à redução, está o estado do Amazonas. Lá, o preço passou de R$ 3,59 para R$ 3,36. Entre os que reduziram, os mais tímidos foram Rio Grande do Sul (R$ 0,01) e Acre (R$ 0,09), que é também o estado com média mais elevada: R$ 4,17 o litro do óleo diesel.

O gás liquefeito de petróleo (GLP), o conhecido gás de cozinha, ficou mais barato em apenas seis estados: Acre, Amazonas, Rio de Janeiro, Roraima, Sergipe e São Paulo. As reduções mais expressivas se deram no Rio de Janeiro (R$ – 0,13 por quilo), Sergipe (R$ – 0,11) e São Paulo (-0,10).

O Confaz é constituído pelos secretários de Fazenda, Finanças ou Tributação de cada estado e do Distrito Federal. É presidido pelo ministro da Fazenda. O objetivo do Confaz é adotar medidas para  aperfeiçoar a política fiscal dos estados e torná-la compatível com as leis da Federação.


FONTE: 29/06/2018

Justiça Federal permite venda direta de etanol de usinas a postos de combustíveis em três estados

Decisão liminar da 10ª Vara beneficia produtores de álcool hidratado de Pernambuco, Alagoas e Sergipe.

A 10ª Vara da Justiça Federal em Pernambuco autorizou, por meio de liminar, as usinas a vender etanol hidratado diretamente aos postos de combustíveis no estado e em Alagoas e Sergipe. Além da permissão da comercialização de álcool sem intermediários, a decisão impede a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) de aplicar sanções às empresas que adotarem essa prática.

A decisão, proferida na terça-feira (26) pelo juiz Edvaldo Batista da Silva Júnior, pode ser contestada por meio de recursos.

O texto diz que as usinas e destilarias estão "autorizadas a vender o mencionado combustível diretamente aos postos revendedores, devendo ainda as demandadas se abster de aplicar às unidades produtoras e aos postos revendedores de combustível que com elas negociarem qualquer espécie de sanção".

A sentença vai de encontro ao trecho de uma resolução da ANP que obriga o fornecedor de etanol a comercializar o produto apenas com outro fornecedor cadastrado, distribuidor autorizado ou com o mercado externo.

No dia 19 de junho, o Senado havia aprovado um projeto com o objetivo de permitir a venda de etanol pelo produtor diretamente para os postos de combustíveis. O projeto seguiu para votação na Câmara.

A decisão tem efeito imediato e foi movida pela Cooperativa do Agronegócio dos Associados da Associação dos Fornecedores de Cana de Açúcar (COAF), entidade da Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco, e por três sindicatos que representam as usinas de Pernambuco, Alagoas e Sergipe.

Os impactos, no entanto, só poderão ser sentidos a partir de agosto de 2018, já que os três estados estão na entressafra da cana-de-açúcar, período em que a produção desacelera.

Um dos argumentos para a decisão do magistrado é o de que o modo de venda por meio de intermediários faz com que as distribuidoras "controlem o mercado do etanol no Brasil", "recusando a compra ou atrasando um pouco mais um pagamento" aos fornecedores.

A prática, segundo o juiz, acaba por exercer "poder de vida e de morte sobre a atividade empresarial dos produtores de etanol". O magistrado cita o fechamento de mais de 80 unidades produtoras no país.

Outro argumento para a decisão é de que o cumprimento das sanções vem provocando danos às usinas, "ao mercado de combustíveis, ao meio ambiente e ao próprio consumidor".

Sobre a qualidade do combustível sem o intermédio das distribuidoras, os órgãos argumentam que o etanol continuará "sendo lacrado e certificado das unidades produtoras, como já ocorre" e continuará a sofrer fiscalização pelos revendedores e pelo próprio consumidor.

Sobre a liminar, o Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Pernambuco considera que a decisão "fortalece a missão dos sindicatos de produtores na defesa dos interesses das usinas associadas em Pernambuco, Alagoas e Sergipe, principalmente, e faz com que haja maior aproximação entre produtores e consumidores".


FONTE: G1 27/06/2018

domingo, 24 de junho de 2018

Carregadores contestam aumento do preço dos fretes marítimos

O Conselho Português de Carregadores (CPC) associou-se ao movimento dos Carregadores Europeus (ESC) para contestar junto das instâncias europeias, a implementação por parte dos armadores mundiais de uma taxa extraordinária variável - designada por EBS (Emergency Bunker Upcharge).

O CPC revela que "a grande maioria das companhias de navegação, num mesmo período temporal e com valores por contentor muito semelhantes, impuseram aumentos extraordinários de fretes aos carregadores a partir de 1 junho de 2018 designados por EBS (Emergency Bunker Upcharge) sem fundamentação sustentável. Segundo as companhias de navegação este aumento está relacionado com o preço do petróleo . Por parte dos Carregadores , este argumento não é aceitável".

O EBS é uma sobretaxa de emergência que os armadores utilizam há largos anos e que implementam quando têm lugar situações que afetam diretamente a construção do preço dos fretes marítimos, como por exemplo, o aumento do preço do petróleo.

Segundo a aliança 2M, que integra a Maersk e a MSC, "esta medida de último recurso é essencial para garantir que navegamos por essas condições económicas desafiadoras de maneira estável e sustentável e continuamos a fornecer um serviço de alta qualidade a todos os nossos clientes".

O CPC adianta que "apesar do preço médio do petróleo no mercado internacional ser estimado em cerca de 65 USD em 2018 e em 60 USD em 2019, o facto de em maio de 2018 o petróleo ter atingido valores entre 75 USD - 80 USD, estes valores não podem ser argumento para aumentar os custos de transporte marítimo, uma vez que o preço médio em 2018 será inferior . O processo não é transparente, os aumentos apesar de valores diferentes, indiciam um alinhamento estratégico entre companhias uma vez que não existem alternativas de serviço sem incremento de custos".

Os carregadores portugueses realçam ainda que este aumento "EBS", contradiz o espírito do "compromisso da GRI" em que as companhias de navegação acordaram com a UE em 2016 aumentar a transparência nos preços marítimos incluindo a não publicação e comunicação do aumento geral de tarifas (GRI).

FONTE: Transportes 20/06/2018

Quem ganha com a política de preços da Petrobrás? Cresce a exportação de diesel e óleo de aquecimento pelas refinarias da Costa Leste dos EUA

Os preços do óleo de aquecimento e do óleo diesel comercializados na Costa Leste dos EUA estão aumentando,

impulsionados pelo clima excepcionalmente frio em todo os EUA e pela demanda por exportações, particularmente para o Brasil e o Canadá.

O salto nos preços deu um impulso aos refinadores durante o que é tipicamente um período de calmaria na atividade. As refinarias normalmente reduzem a produção e fazem a manutenção entre os períodos de demanda de pico de inverno e verão.

Este ano, eles mantiveram o processamento alto para aproveitar as margens de lucro em seus níveis mais altos para esta época do ano, desde 2015. O lucro que podem obter para a produção de destilados HOc1-CLc1 - um grupo de combustíveis que inclui diesel e óleo de aquecimento e um dos principais indicadores para as margens das refinarias - alcançou a maior alta de três anos, de US $ 21,73 em 11 de abril.

As compras da América Latina ajudaram a impulsionar fortes fluxos de exportação e reforçar as margens das refinarias. No total, as exportações de produtos refinados dos EUA atingiram o recorde de 3,3 milhões de barris por dia em 2017, de acordo com a U.S. Energy Information Administration - o triplo das exportações de petróleo dos EUA.

Espera-se que a demanda permaneça robusta devido às contínuas interrupções nas refinarias na América Latina e ao trabalho de manutenção no Canadá, disseram participantes do mercado.

Até agora, em abril, as exportações da Costa Leste de destilados médios como combustível para jatos e diesel são de mais de 100.000 barris por dia, acima da média de 18.000 barris por dia no primeiro trimestre, disse Matt Smith, diretor de pesquisa de commodities da ClipperData.

Cerca de metade dessas exportações estão indo para o Brasil, disse Smith, acrescentando que a demanda por produtos como o óleo para aquecimento e o diesel com ultra-baixo teor de enxofre (ULSD) tem sido alta naquele país.

"As refinarias do Brasil têm operado a taxas anormalmente baixas", disse Robert Campbell, chefe de pesquisa de produtos petrolíferos da Energy Aspects, em Nova York.

"Eles têm lutado contra paralisações não planejadas, eles têm lutado com a manutenção não preventiva".

O diesel (ULSD) exportado também está chegando ao Canadá, com embarques de empresas como BP Plc e Valero Energy Corp ajudando a atender a demanda, já que as refinarias realizam trabalhos de manutenção, disseram comerciantes. A forte demanda canadense poderá manter o mercado do diesel apertado no mês que vem, disseram traders.

Em Quebec, a refinaria Jean Gaulin, de 265 mil barris por dia, da Valero, fechou suas unidades de produção de petróleo bruto e gasolina para manutenção em 10 de abril, disseram duas fontes do mercado.

As exportações da costa leste estão no auge desde julho do ano passado, disse Smith. Isso esgotou os estoques no porto de Nova York, que caiu para pouco menos de 38 milhões de barris na semana até 13 de abril, o menor desde maio de 2015, segundo dados da EIA.

O aperto na oferta refletiu-se nos preços nos mercados da Costa Leste. Os futuros do petróleo de aquecimento de referência, uma referência para outros destilados, foram negociados a US $ 2,1094 por galão na quinta-feira, a maior desde o final de janeiro. O óleo aquecido HO-DIFF-NYH da Costa Leste foi negociado a 2,75 centavos de dólar por galão abaixo do contrato futuro na quarta-feira, o maior valor desde setembro.

Essa é também a margem mais alta para abril, desde 2013, uma época em que a demanda geralmente diminui. Mas as temperaturas em 48 estados dos EUA foram cerca de 16% mais baixas que o normal desde o início de março, de acordo com dados da Thomson Reuters. O diesel com teor muito baixo de enxofre, usado no transporte, também estava próximo da maior alta em dois meses, também incomum para essa época do ano.


FONTE: AEPET 18 Junho 

Biodiesel de óleo de palma emite três vezes mais carbono que o diesel comum

Além do impacto ambiental, para que estas plantações existam são destruídos os habitats de orangotangos, elefantes, tigres e rinocerontes.

De acordo com dados recentes, 61% do óleo de palma importado pela UE (União Europeia) é usado na produção de biodiesel e para gerar eletricidade. Produzir esses combustíveis gera um impacto horrível, com uma estimativa de cem mil orangotangos mortos nas plantações de palmas em Bornéu (Indonésia). A UE está atualmente revisando sua política de biocombustíveis, agora é a hora mais oportuna de se pedir uma proibição total.

As florestas tropicais do mundo estão sendo destruídas por monoculturas industriais de produção de etanol e biodiesel que acabarão em nossos tanques de combustível. Longe de ser um combustível “verde”, a produção de biocombustíveis libera incontáveis toneladas de carbono na atmosfera.

Estudos feitos a pedido da Comissão Europeia alertam que a produção e o uso de biodiesel de óleo de palma resultam em três vezes mais emissões de carbono do que o diesel fóssil. O biodiesel de colza e soja também tem uma pegada de carbono maior do que a do diesel fóssil.

São necessários 8,8 milhões de hectares, uma área maior do que toda a ilha da Irlanda, para satisfazer a demanda da UE por biocombustível. 2,1 milhões de hectares de plantações de óleo de palma no sudeste da Ásia são dedicados à produção de biodiesel para a UE.

Para que estas plantações existam são destruídos os habitats de orangotangos, elefantes da floresta, tigres e rinocerontes. Em Bornéu, mais de cem mil orangotangos perderam a vida nos últimos 16 anos.

Foram importadas pelos países da UE em 2017, 7,7 milhões de toneladas de óleo de palma, o valor mais alto desde sempre. Nada menos que 61% do óleo de palma importado para a UE é usado para energia, 51% (4,3 milhões de toneladas) são misturados ao diesel, enquanto 10% (0,8 milhão de toneladas) são usados para gerar eletricidade e calor.

Em 2017, o Parlamento Europeu votou por maioria esmagadora a suspensão das importações de óleo de palma e a produção de biocombustível a partir de óleos vegetais tropicais. A Comissão Europeia foi convocada a proibir o uso de óleo de palma para biocombustíveis até 2020, o mais tardar.

Surge uma oportunidade de parar com os efeitos desastrosos que os biocombustíveis causam. A Comissão Europeia, o Parlamento e o Conselho de Ministros estão justamente debatendo o futuro da bioenergia na UE nos anos que antecedem a 2030. Vários grupo de defesa do meio ambiente têm apelando incansavelmente à UE para que abandone a sua política de biocombustíveis trágica e mal orientada.


FONTE: Anda 22/06/2018

Petrobras eleva utilização de refinarias para 85% em maio e recupera mercado, diz fonte

O nível de utilização das refinarias da Petrobras subiu para cerca de 85 por cento entre abril e maio, ante 67 por cento no fim do ano passado, em uma recuperação de participação de mercado da estatal, disse à Reuters uma fonte da petroleira estatal.

"Quase não importamos nada de diesel neste ano e, em abril e maio, subimos o nível de utilização das refinarias para algo entre 83 a 85 por cento. Já está mais alto", disse a fonte da Petrobras, que falou na condição de anonimato.

A recuperação da companhia ocorre enquanto importadoras concorrentes, que investiram no último ano para aumentar a oferta de combustível no país, dizem estar enfrentando dificuldades para competir com os preços praticados pela Petrobras.

A utilização das refinarias da Petrobras --que representam quase 100 por cento da capacidade de refino do país-- chegou a tocar 67 por cento no fim de 2017, afirmou o ex-presidente da empresa Pedro Parente, em um vídeo que defendia a frequência diária de reajustes do combustível, publicado poucos dias antes de sua renúncia ao cargo.

Parente, que defendia maior ritmo de reajustes como forma de defender mercado, deixou a empresa no início deste mês, em meio a uma pressão do governo federal sobre sua política de preços, após uma paralisação de caminhoneiros que protestaram contra os elevados preços do diesel, causando sérios impactos para a economia do país.

Procurada para confirmar a elevação da utilização da capacidade de refino, a empresa respondeu por e-mail que o nível de utilização das refinarias é influenciado por diversas variáveis, entre as quais a sazonalidade da demanda por derivados.

"No início do ano, com a redução da demanda de derivados característica desse período do ano, é natural programarmos níveis menores de refino. Com a elevação das vendas, como ocorreu em maio deste ano, o refino foi reprogramado", disse a empresa em nota.

IMPACTO NA CONCORRÊNCIA

A Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), que representa nove companhias e surgiu no ano passado, quando as importações de gasolina e diesel bateram recordes históricos no país, alegam que a petroleira está operando com preços abaixo da paridade de importação, desde o início do ano.

A Abicom chegou a levar uma representação ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), no início do ano, alegando que os preços da Petrobras estavam abaixo da paridade, segundo o seu presidente, Sérgio Araújo.

A fonte da Petrobras nega que isso esteja ocorrendo, evitando dar detalhes sobre aspectos estratégicos.

"As empresas precisam ser eficientes nas operações logísticas e precisam ter uma boa performance, porque isso faz a diferença na hora da formação do preço final", afirmou a fonte da Petrobras.

Ao longo de 2017, a Petrobras realizou revisões na política de preços do diesel, em busca de recuperar mercado, como o aumento da frequência de reajustes, em julho, e no próprio cálculo de paridade de importação, no fim do ano.

Como resultado, em abril, a empresa já havia elevado sua participação no mercado de diesel para 79 por cento, ante 77 por cento em março e 74 por cento em todo ano de 2017, informou a empresa anteriormente.

Analistas de mercado confirmam que a Petrobras reduziu a diferença de seus preços ante a paridade de importação neste ano, com um cenário agravado após a greve dos caminhoneiros.

Para atender a pedidos dos caminhoneiros ao governo, a petroleira estatal aceitou congelar os reajustes do diesel, contando com subsídios de até 30 centavos por litro, dependendo de condições de mercado. Para importadoras, o programa não permite ganhos e inviabiliza compras externas, segundo a Abicom.

Os analistas de mercado concordam com a afirmação.

"Na canetada, a Petrobras hoje já opera negativamente, abaixo do preço internacional", disse o sócio-diretor da Macrosector Fábio Silveira.

FONTE: Reuters 20/06/2018

A quem interessa a venda direta do etanol das destilarias aos postos?

Os recentes aumentos sucessivos dos combustíveis levaram o país a uma situação inédita e altamente prejudicial, representada pela greve dos caminhoneiros. Bilhões de reais em prejuízos e a certeza de que o Brasil tem no seu principal modal logístico uma série de deficiências e desafios a superar, que não serão resolvidos com a tabela dos fretes, instituída pela MP 832/2018[1], nem com a redução do preço do óleo diesel anunciada pelo governo. Trata-se, apenas, do começo de um longo e necessário processo de ajuste do setor logístico.

O cidadão brasileiro que possui veículos automotores, em sua imensa maioria, não se beneficiou de tal redução, pois seus automóveis são movidos a gasolina (que é mistura ao etanol anidro) ou a etanol hidratado (popularmente conhecido como álcool combustível).

Diante de tantos aumentos, que prejudica especialmente a população com menor poder aquisitivo, começou-se a indagar como seria possível reduzir os preços dos combustíveis ao cidadão comum. Com isso, voltou à tona uma antiga limitação ao livre mercado: a proibição das destilarias em vender o etanol hidratado diretamente aos postos de combustível, uma vez que se encontram obrigadas a vender para distribuidoras de combustível, para posterior venda aos postos e aos consumidores finais.

Tal obrigação, em um momento de aumento dos combustíveis e da crescente necessidade de se buscar uma melhor eficiência energética e da redução dos custos com o transporte, deve ser revista o quanto antes. É o que aqui defendemos.

O curioso é que a proibição da venda direta do etanol hidratado das destilarias aos postos de combustível não se dá por meio de lei ordinária, mas por mero ato da ANP, a Resolução 43/2009, que versa sobre os requisitos para cadastramento de fornecedor, comercialização e envio de dados de etanol combustível (biocombustível[2]). Tal resolução busca fundamento de validade na Lei 9.478/97, que é a norma geral que versa sobre a política energética nacional.

Pois bem. Por meio do seu artigo 6º, a Resolução 43/2009 proíbe a venda direta do fornecedor[3] (produtor do etanol hidratado) aos postos de combustível, uma vez que a sua comercialização está restrita a (i) outro fornecedor, (ii) às distribuidoras de combustível e (iii) à exportação:

“Art. 6º O fornecedor somente poderá comercializar etanol combustível com:

I - outro fornecedor cadastrado na ANP;
II - distribuidor autorizado pela ANP; e
III - mercado externo.

Parágrafo único. O etanol comercializado somente adquirirá a denominação combustível se atender à especificação estabelecida pela ANP, inclusive quanto à adição de corante no caso do etanol anidro, e se tal finalidade for indicada no respectivo documento fiscal”.

Importante destacar que tal proibição não encontra fundamento de validade na Lei 9.478/97. Pelo contrário, a citada norma busca incentivar a produção e o aumento da participação do etanol no mercado de combustíveis, nos termos do seu artigo 1º:

“Art. 1º. As políticas nacionais para o aproveitamento racional das fontes de energia visarão aos seguintes objetivos:

I - preservar o interesse nacional;
II - promover o desenvolvimento, ampliar o mercado de trabalho e valorizar os recursos energéticos;
III - proteger os interesses do consumidor quanto a preço, qualidade e oferta dos produtos;
IV - proteger o meio ambiente e promover a conservação de energia; (...)
XII - incrementar, em bases econômicas, sociais e ambientais, a participação dos biocombustíveis na matriz energética nacional.
XIII - garantir o fornecimento de biocombustíveis em todo o território nacional; (...)
XV - promover a competitividade do País no mercado internacional de biocombustíveis;
XVI - atrair investimentos em infraestrutura para transporte e estocagem de biocombustíveis; (...)
XVIII - mitigar as emissões de gases causadores de efeito estufa e de poluentes nos setores de energia e de transportes, inclusive com o uso de biocombustíveis (...)”.

Além do mais, a Lei 9.478/97, em momento algum, limitou a atuação comercial da sua indústria[4], muito menos restringiu a venda do etanol hidratado apenas para as distribuidoras de combustível.

Pois bem. Se não há determinação legal, muito menos constitucional, a limitação imposta pela Resolução 43/2009, é quase que intuitivo apontar a sua ilegalidade.

Ainda que reconheçamos o relevante papel regulamentador da ANP, uma vez que as agências reguladoras inquestionavelmente possuem atribuições normativas[5], a proibição imposta é antijurídica, por não encontrar fundamento constitucional e legal, além de causar prejuízos ao consumidor por impor um aumento desnecessário nos preços do etanol hidratado, especialmente em regiões próximas as unidades produtoras, a exemplo dos estados de São Paulo, Paraná, Goiás, Alagoas e Pernambuco.

Defendemos que a atividade econômica aqui tratada deve ser, sim, regulada, mas atendido o preceito do artigo 174 da Constituição:

“Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado”.

É de se ressaltar que a livre-iniciativa é fundamento da República Federativa do Brasil, nos termos da Constituição:

“Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”.

Cabe transcrever ainda o artigo 170 da Constituição, onde a defesa a livre-iniciativa e a defesa do consumidor são vetores fundamentais da economia nacional:

“Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:

I - soberania nacional;
II - propriedade privada;
III - função social da propriedade;
IV - livre concorrência;
V - defesa do consumidor; (...)

Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei”.

Mais especificamente sobre a política energética do país, a Constituição assim prescreve:

“Art. 238. A lei ordenará a venda e revenda de combustíveis de petróleo, álcool carburante e outros combustíveis derivados de matérias-primas renováveis, respeitados os princípios desta Constituição”.

Assim, nos parece um claro equívoco se limitar a livre concorrência na comercialização do etanol hidratado entre os produtores e distribuidores, impondo-se uma proibição sem fundamento em lei e contrário às normas constitucionais aqui expostas.

Se existem preocupações, legítimas, em relação à qualidade do etanol comercializado, é obrigação da ANP realizar fiscalizações periódicas em relação à qualidade do produto oferecido e do seu adequado transporte, mas simplesmente proibir não faz sentido algum, pois limita a livre concorrência e torna o produto muitas vezes mais caro aos consumidores.

Aqui não temos a pretensão de tratar de todos os aspectos jurídicos que envolvem o tema, mas apenas apontar que a proibição imposta pela Resolução 43/2009 não possui uma razão jurídica de ser, ainda que fundamentada no direito regulamentador das agências, inclusive sob o aspecto da necessidade de certificar a qualidade do produto.

Sob o aspecto econômico, a defesa da venda direta do etanol hidratado certamente levará a uma redução dos preços aos consumidores finais, especialmente para aqueles que adquirirem o produto próximo de uma unidade produtora.

Com a venda direta, além de se reduzir a incidência de tributos, pois se eliminará em muitos casos uma etapa na cadeia entre o produtor e o consumidor final, serão reduzidos os custos com o transporte — muitas vezes completamente desnecessário — entre o produtor e o distribuidor.

Simplesmente não há razão econômica que dê sustentação à obrigatoriedade dos produtores em venderem o etanol hidratado às distribuidoras. Ressalte-se que aqui não se está a defender o fim da venda do produtor ao distribuidor, mas a sua obrigatoriedade, conferindo ao produtor o direito a realizar a venda direta aos postos revendedores.

Pois bem. Dois projetos, um de lei e outro de decreto legislativo, estão em trâmite no Congresso Nacional. No Senado Federal, na terça-feira (19/6), foi aprovado por larga maioria o projeto de Decreto Legislativo 61, de autoria do senador Otto Alencar, que susta o artigo 6º, da Resolução 43/2009 da ANP. O projeto seguiu para a Câmara dos Deputados.

Apesar de reconhecermos a importância do citado projeto de decreto legislativo, a mera exclusão do artigo 6º, da citada resolução da ANP não é suficiente para conferir a devida segurança jurídica, inclusive por não abordar as consequências de ordem tributária.

Assim, somos da opinião de que o Projeto de Lei 10.316/2018, de autoria do deputado Federal Mendonça Filho, que altera a Lei 9.478/97, para dispor sobre a comercialização de etanol hidratado combustível, é de grande relevância.

Além de deixar claro a possibilidade de os produtores de etanol hidratado venderem o seu produto diretamente aos postos revendedores[6], altera a Lei 9.718/98 para regular a cobrança do PIS e da Cofins, nos casos da venda direta[7].

Em sendo aprovada pelo Congresso e promulgada pelo presidente da República, tal inovação incentivará a livre concorrência e barateará o preço do etanol hidratado para um grande número de consumidores.

É importante que a sociedade brasileira acompanhe e apoie a mudança da legislação acerca da possibilidade da venda de etanol hidratado dos produtores diretamente aos postos revendedores. Tal inovação promoverá a livre concorrência e iniciativa. Ganharão os consumidores, com os preços mais baixos de etanol, e o meio ambiente.

[1] http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Mpv/mpv832.htm

[2] Segundo o artigo 6º, inciso XXIV, da Lei 9478/97, biocombustível é a substância derivada de biomassa renovável, tal como biodiesel, etanol e outras substâncias estabelecidas em regulamento da ANP, que pode ser empregada diretamente ou mediante alterações em motores a combustão interna ou para outro tipo de geração de energia, podendo substituir parcial ou totalmente combustíveis de origem fóssil.

[3] O artigo 2º da Resolução ANP 43/2009 define o fornecedor de etanol combustível: i) produtor de etanol com unidade fabril instalada no território nacional; ii) cooperativa de produtores de etanol; iii) empresa comercializadora de etanol; iv) agente operador de etanol; ou v) importador de etanol, não podendo, em nenhum dos casos, exercer as atividades de distribuição ou revenda varejista de combustíveis líquidos.

[4] Indústria de biocombustível: conjunto de atividades econômicas relacionadas com produção, importação, exportação, transferência, transporte, armazenagem, comercialização, distribuição, avaliação de conformidade e certificação de qualidade de biocombustíveis (artigo 6º, inciso XVIII, da Lei 9.478/97).

[5] Sobre o tema, Alexandre Santos Aragão, Agências Reguladoras, 3ª Edição, Editora Forense.

[6] “Art. 2º Acrescente-se à Lei nº 9.478, de 6 de agosto de 1997: Art. 68-B. Os agentes produtores de etanol hidratado combustível poderão comercializá-lo: I – com agentes distribuidores; II – diretamente com postos revendedores; III – com o mercado externo; e IV – a critério da ANP, com outros agentes produtores.

[7] Art. 5º
I – 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos por cento) e 20,7% (vinte inteiros e sete décimos por cento), no caso de produtor ou importador.

§ 1º
I - por distribuidor;

§ 4º
I - R$ 93,52 (noventa e três reais e cinquenta e dois centavos) e R$ 430,08 (quatrocentos e trinta reais e oito centavos) por metro cúbico de álcool, no caso de venda realizada por produtor ou importador;

§ 10. A aplicação do coeficiente de que trata o § 8º não poderá resultar em alíquotas da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins superiores a, respectivamente, 1,65% (um inteiro e sessenta e cinco centésimos por cento) e 7,6% (sete inteiros e seis décimos por cento) do preço médio de venda no varejo.

§ 12. No ano-calendário em que a pessoa jurídica iniciar atividades de produção ou importação de álcool, a opção pelo regime especial poderá ser exercida em qualquer data, produzindo efeitos a partir do primeiro dia do mês em que for exercida.

FONTE: Conjur 22/06/2018

Caiado tenta adiar projeto que pode reduzir preço do etanol, mas é derrotado

Líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), sugeriu nesta terça-feira (19), a retirada da urgência do projeto que  autoriza a venda direta de etanol hidratado de usinas para os postos. O objetivo do parlamentar seria a realização de uma audiência pública para discutir melhor o tema. O adiamento tinha apoio da líder do MDB, senadora Simone Tebet (MT), mas o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), manteve a matéria na pauta.

O projeto foi apresentado pelo senador Otto Alencar (PSD-BA), após a paralisação dos caminhoneiros contra a alta no preço dos combustíveis, de acordo com informações do Estadão.

Atualmente, os produtores não estão autorizados a vender o combustível diretamente aos postos por restrições da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Durante a greve dos caminhoneiros, a agência autorizou emergencialmente a venda direta das usinas para os postos, mas a medida foi revogada quando a categoria retomou das atividades.

O projeto aprovado derruba artigo da Resolução 43/2009, da ANP, que permite ao fornecedor comercializar o etanol somente com outro fornecedor cadastrado na agência, com um distribuidor autorizado ou com o mercado externo.

Os que são contra a proposta alegam que a venda direta criaria dificuldades para a tributação e a fiscalização do produto. O senador Otto Alencar, por sua vez, avalia que a medida irá beneficiar o livre comércio sob a justificativa de que pois o produtor não precisará de uma distribuidora para vender o etanol. Para o congressista, o preço para o consumidor vai diminuir. "Nós queremos mexer em um oligopólio grande, que ganha dinheiro fácil", afirmou.

FONTE: Brasil 247 23/06/2018

domingo, 17 de junho de 2018

Representantes de caminhoneiros reduzem preço mínimo do frete em proposta entregue à ANTT

Proposta da Associação Brasileira dos Caminhoneiros considera tipo de carga, quantidade de eixos do caminhão, consumo de combustível do veículo e distância percorrida.

A Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) formalizou nesta quinta-feira (14) uma proposta de tabela mínima do preço de frete para transporte de cargas. A tabela foi entregue à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e ao ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF).

De acordo com a Abcam, na proposta, o valor do transporte da carga geral ficou, em média, 20% abaixo do preço da tabela vigente.

A tabela com preços mínimos para o frete foi uma das demandas dos caminhoneiros para que a categoria encerrasse a greve que durou 11 dias e afetou o abastecimento de produtos em todo país.

A proposta da Abcam considera o tipo de carga, a quantidade de eixos do caminhão, o consumo de combustível do veículo e a distância percorrida. A proposta não inclui o lucro do caminhoneiro, ou despesas com impostos, seguro, diárias e alimentação.

“A tabela foi construída com o objetivo de subsidiar a ANTT na criação de nova tabela de frete, mais compatível com a realidade do mercado e que atenda, da melhor forma possível, a todos os setores envolvidos”, afirma a Abcam em nota divulgada nesta quinta.

Segundo a associação, a proposta apresentada nesta quinta à ANTT foi discutida com cinco federações e 59 sindicatos associados à Abcam. A associação representa aproxidamente 700 mil caminhoeiros.

A Abcam informou, ainda, que não pretende convocar nova paralisação caso não seja aprovada a tabela mínima de frete. “Não queremos trazer mais prejuízos para o país. Esperamos que a manifestação geral que já realizamos sirva como aprendizado para que o governo aprenda a dialogar conosco”, disse o presidente da entidade, José da Fonseca Lopes.

Acordo pelo fim da greve

A tabela com preços mínimos para os fretes foi estabelecida em resolução da ANTT depois de publicada medida provisória que estabeleceu a política de preços mínimos para o transporte de cargas.

A tabela, porém, foi criticada, especialmente pelo setor de agronegócio, que afirmou que a medida feria a livre concorrência. O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, chegou a dizer que, em alguns casos, a tabela dobrou o valor do frete.

Com a repercussão negativa, a ANTT divulgou na semana seguinte uma segunda tabela, distribuindo os preços para todo tipo de caminhão, quantidade de eixos e o valor do quilômetro por eixo.

No entanto, horas depois, a agência informou que revogaria a tabela após a reação de caminhoneiros, que discordaram dos valores. Foi aberta, então, uma nova rodada de negociações para elaborar uma terceira tabela, mas ainda não há consenso. Na prática, a primeira tabela é a que está valendo no momento.

A medida provisória que instituiu preços mínimos para os fretes é alvo de uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para que a medida seja suspensa.

O relator do caso, ministro Luiz Fux, decidiu aguardar a negociação entre governo e empresas de transporte de carga antes de decidir sobre pedido para suspender a medida provisória.

Ele deu um prazo de 48 horas para o governo federal se manifestar sobre medida provisória.

Confederação da Indústria

Também nesta quinta, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) entrou com uma ação no Supremo para que a Corte declare a tabela de fretes inconstucional.

A CNI argumenta que a MP que instituiu a tabela é inconstitucional porque o tema não poderia ser tratado por medida provisória, somente por lei.

"As normas impugnadas operam uma indevida interferência na ordem econômica violando a livre iniciativa e a livre concorrência, com construção artificial de preços", argumenta a entidade.

Importação de diesel bate recorde no Brasil e EUA são maior fornecedor

Volume de importação total no primeiro trimestre bateu recorde histórico e Estados Unidos dominam 80% do mercado, segundo estatísticas de 2017

Enquanto as refinarias brasileiras operam abaixo de sua capacidade máxima, a importação do diesel bate recordes históricos, assim como a participação dos Estados Unidos nesse mercado. E, na semana passada, às pressas, para debelar a greve dos caminhoneiros, o governo Temer editou um decreto criando subsídios que devem estimular ainda mais o setor.

Os três primeiros meses de 2018 registraram a maior importação de diesel no primeiro trimestre em toda a série histórica, segundo análise da Pública com base nas estatísticas do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Aliás, na comparação geral, o último trimestre só fica atrás do penúltimo, entre outubro e dezembro de 2017.

No ano passado, a importação de diesel chegou à marca inédita de 11 milhões de toneladas. Os Estados Unidos também viram aumentar sua fatia nesse mercado. As importações do óleo norte-americano ganham força desde o início da década, mas no início de 2016 houve um salto considerável e hoje os EUA se consolidaram como o principal exportador do combustível mais utilizado do Brasil. No ano passado, 80% do diesel importado veio de lá.

Mesmo autossuficiente na produção do petróleo bruto, o enfraquecimento das refinarias nacionais e o estímulo à importação tendem a tornar o Brasil mais dependente de outros países e de flutuações no preço internacional.

Em fins de maio, com a Medida Provisória (MP) 838, o Ministério da Fazenda direcionou R$ 9,5 bilhões para garantir a venda de diesel mais barato às distribuidoras, favorecendo não só produtores nacionais, como importadores que respondem hoje por 25% do mercado nacional. A MP, prevista para vigorar até o final do ano, foi regulamentada na sexta-feira passada por decreto.

A Fazenda estima que as importadoras tendem a receber cerca de R$ 2,3 bi em subvenções, caso a proporção de consumo se mantenha e todas as empresas se habilitem a receber o apoio. Mas o valor efetivo será determinado pelo volume de vendas futuro entre importação e produção nacional. Não foi definido um limite máximo de subvenção às importadoras.

“As importadoras estão tomando o mercado da Petrobras. A atual política de preços nos faz exportar petróleo cru pela própria empresa, enquanto os concorrentes importam derivados. A empresa está operando com apenas 72% da capacidade de refino”, critica Felipe Coutinho, presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras.

Com o crescimento nos últimos anos, os Estados Unidos deixaram para trás outros países que competiam na venda de diesel para o Brasil, como a Índia. Em 2005, por exemplo, 60% do diesel importado vinha de empresas indianas. Em 2017, o mesmo índice não chega a 0,7%.

A queda na troca bilateral não passou despercebida pelo governo indiano, que em um documento do Ministério de Relações Exteriores justifica-a pela baixa dos preços das commodities e a recessão econômica que atingiu toda economia brasileira, além da “abrupta turbulência econômica e política”. Mas não explicam o porquê de a importação do diesel norte-americano crescer, mesmo com a recessão.

Ex-diretora da Agência Nacional de Petróleo e consultora em energia na Fundação Getulio Vargas Magda Chambriard considera a possibilidade de que a consolidação dos Estados Unidos se dê por uma questão logística. Segundo ela, pela própria geografia, o diesel da Índia entra principalmente pelos portos do Sul e Sudeste, enquanto o dos EUA chegam mais pelo Nordeste.

“Hoje, o Sudeste está abastecido. São Paulo tem as melhores refinarias e produz mais do que consome, abastecendo inclusive o entorno. Então, uma possibilidade é que a importação esteja ocupando mercado principalmente onde as refinarias estão em pior estado, que são as do Nordeste. Tanto que são estas que a Petrobras busca parceiros para investir. Você não vende a joia da coroa”, analisa Chambriard.

Segundo Adilson de Oliveira, economista especializado em política energética, o aumento da participação dos Estados Unidos também pode se dar pelo fato do país ter hoje uma sobreprodução, que lhes permite vender o diesel excedente por preços abaixo da média do mercado. “Eles atendem o mercado americano e vendem o excedente a preços baixos, tornando-se competitivos, pois no Brasil os preços praticados são acima da média”, analisa.

Criticada, política de preços segue inalterada

As medidas anunciadas por Temer não alteraram a sua política de preços da Petrobras, que mantém os preços acima da média internacional. Pelo contrário, reforça-a, ao comprometer orçamento público para garantir lucro para Petrobras e importadores privados.

A política de preços do governo foi decisiva para detonar a greve dos caminhoneiros, ao trazer a instabilidade do mercado internacional para a economia brasileira. Na carta de demissão entregue na última sexta, o ex-presidente da Petrobras afirmou que sua permanência no comando da empresa “deixou de ser positiva” diante da crise instaurada. Todavia, seu legado permanece.

No governo Temer, os valores praticados pela Petrobras ficam definitivamente mais caros que os praticados no mercado internacional. Isso porque são acrescidas taxas aos preços apurados lá fora, como uma margem “para remunerar riscos inerentes à operação”.

Durante o governo Dilma, os preços da empresa foram usados como instrumento de combate à inflação. A convergência entre os preços praticados aqui e a cotação internacional se dava a médio e longo prazo, com vários meses de intervalo entre os reajustes, a fim de preservar o mercado interno de oscilações bruscas.

Em alguns momentos, os preços praticados eram acima da cotação internacional. No início de 2016, antes de Temer assumir, portanto, grandes consumidores como a Vale viram no diesel importado uma oportunidade de economia, por conta dos preços altos da Petrobras já naquela época. Em outros momentos, contudo, os preços ficavam abaixo do mercado internacional, gerando um lucro menor para a empresa e acusações de “intervencionismo” do governo na Petrobras.

No governo Temer, as coisas mudaram. Além de praticar permanentemente valores acima da média internacional, a Petrobras mudou a frequência dos reajustes. Assim que assumiu, o ex-presidente Pedro Parente passou inicialmente a fazer correções mensais no preço do diesel.

Desde julho do ano passado, porém, os reajustes se tornaram diários. Com a recente alta do dólar e a subida na cotação internacional do barril de petróleo por instabilidades geopolíticas internacionais, os preços do diesel dispararam dia após dia no Brasil.

Nos últimos quatro meses, foram ao todo 73 reajustes nas refinarias da Petrobras, em uma escalada crescente do litro do diesel. Na média de fevereiro, o diesel era vendido por R$ 1,76/litro nas refinarias. Em 22 de maio, antes de o governo reagir à greve, saltou para R$ 2,37/litro.

Com os preços disparando lá fora, os reajustes diários permitiam aos acionistas da empresa maximizar lucros em tempo real. Porém, em um país continental altamente dependente do transporte rodoviário, onde as viagens podem facilmente durar vários dias, essa alta volatilidade arruinou as previsões de custos dos caminhoneiros, que decidiram então cruzar os braços. O congelamento temporário e o retorno dos reajustes mensais no diesel foram uma de suas principais vitórias sobre a política econômica de Temer.

“Soluções” para a crise são criticadas por especialistas

Em edição especial do Diário Oficial publicada quinta (7/6), o Planalto divulgou o decreto que regulamenta o subsídio definitivo ao diesel, com um preço de referência para cada região do país. Os R$ 9,5 bilhões vão para a Petrobras e para importadoras privadas.

O valor equivale a R$ 0,30 dos R$ 0,46 centavos da redução prometida aos caminhoneiros. O restante se deve à redução de tributos federais.

“É uma invenção esdrúxula. Não conheço nada parecido em nenhum país do mundo. Qual a vantagem de termos petróleo brasileiro se não usamos isso como uma vantagem comparativa em relação aos outros países, em benefício da economia brasileira?”, critica Adilson de Oliveira, economista e professor de Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Já Paulo César Ribeiro Lima descreve as medidas como uma “insanidade”. “O povo brasileiro vai ter que cobrir a margem de lucro altíssima da Petrobras. O custo de produção do diesel era de 93 centavos e garantia 150% de lucro antes da crise. Agora, com a redução, diminuiu para 126%”, pondera o consultor legislativo da Câmara dos Deputados em Minas e Energia.

“Ou seja, o problema não são os impostos. Na gestão de Pedro Parente, mesmo excluindo os tributos, o brasileiro chegou a pagar 40% a mais que consumidores de países ricos, como Estados Unidos, [países da] Europa e Japão”, conclui Paulo.

Ex-diretora da ANP, Magda Chambriard defende inclusive as mudanças tributárias como uma saída para a crise, através do aperfeiçoamento da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, conhecida como Cide. Entretanto, o tributo foi zerado no recente pacote de medidas do governo Temer.

“Sou a favor de se usar os instrumentos que temos, bem utilizados, e só a partir daí, se constatada sua inadequação, mudar radicalmente. A Cide foi feita para enfrentar crises e desviada de finalidade. Era justamente para atenuar grandes impactos do preço dos combustíveis. Já tínhamos um mecanismo, para que criar outro?”, questiona.

O subsídio bilionário será dado desde que a Petrobras ou importadoras vendam o combustível às distribuidoras abaixo de um preço de referência calculado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), que também será responsável por aprovar o cadastro das empresas interessadas no benefício.

Hoje, 193 empresas estão autorizadas pela ANP a importar diesel. A julgar pelo capital social declarado pelas empresas à Receita Federal, a maior delas é a YPF, a empresa petroleira do governo argentino.

A ANP é comandada por Décio Oddone, indicado por Temer em 2016. Ex-gerente da Petrobras para o Cone Sul, ele atuou sob supervisão de Nestor Cerveró, então diretor da área internacional. Antes de assumir a ANP, passou também pela vice-presidência da Braskem (Odebrecht) e a direção de óleo e gás da Prumo Logística, empresa que já pertenceu ao grupo de Eike Batista.

Para Ildo Sauer, professor da USP e ex-diretor da Petrobras, a crise atual tem raízes históricas nos anos 1990. Segundo ele, trata-se de um “barril de pólvora gestado no neoliberalismo e não desmontado no governo do PT”.

“O ex-presidente FHC fez uma reforma mudando o papel da Petrobras. Era um sistema de concessão sui generis: o petróleo pertence ao povo no subsolo, mas quando aflora é da concessionária. Apesar das diferenças de discursos, nenhum governo mudou isto depois. Os neoliberais de maneira mais aguda e outros de modo mais dissimulado têm usado esses recursos para atender interesses de patrocinadores que raramente ou quase nunca se confundem com o da população. Temos capacidade de refino que poderiam atender a demanda interna. Algo com valor tão grande como o petróleo deveria cumprir um papel de construir um futuro melhor para a população. ”, critica Sauer.

FONTE: Exame 13/06/2018

Venda direta de etanol a postos prejudica consumidor, diz Adriano Pires

Aumentaria custos e sonegação
Ideia contraria regulação da ANP

Uma das sugestões que vem sendo ventilada, inclusive com projeto de lei na Câmara, como forma de reduzir o preço do etanol hidratado ao consumidor final, é autorizar a venda direta pela usina ao posto revendedor. A ideia é que, desta forma, haveria um menor recolhimento de impostos federais e se promoveria uma maior competição, da qual o principal beneficiário seria o consumidor.

Na realidade, autorizar a venda direta de etanol hidratado da usina para o posto revendedor aumentaria a sonegação, aumentaria o custo logístico e, pior, criaria enormes dificuldades para a implantação e sucesso do RenovaBio.

A quem interessa? Em especial, às empresas que apresentam dificuldades econômicas/financeiras ou às que não têm capacidade de competir por ter baixa produtividade. Com esta ideia aprovada, existirá uma perda de R$ 0,11 por litro de PIS/Cofins. A sonegação tende a crescer em algo como 20% e, por consequência, haverá uma queda na arrecadação.

Essa nova configuração faria, ainda, com que o custo logístico no total da distribuição de derivados e etanol aumente em mais de 15% a nível Brasil. Isso porque as usinas produtoras de etanol se concentram nas localidades produtoras de cana-de-açúcar, limitando a comercialização direta com as localidades afastadas. Os agentes de distribuição, por outro lado, atuam em todos os estados com estrutura adequada, o que assegura a entrega a todas as regiões de forma eficiente, inclusive às regiões produtoras de etanol.

Cabe lembrar que o modelo de abastecimento nacional de combustíveis, definido pela ANP, é respaldado na divisão de responsabilidades entre produção, distribuição e revenda. A intenção do produtor em vender diretamente seu etanol aos revendedores está em desacordo com o modelo existente, pois o produtor de etanol passará a atuar como distribuidor sem incorporar as obrigações que recaem sobre um agente de distribuição.

Para que a operação não recaia em uma atividade irregular, é lícito que a usina que tenha interesse em fazer a venda direta do seu produto se constitua em um distribuidor autorizado, respeitando as resoluções da ANP. Nada impede que um produtor se torne um distribuidor, desde que cumpra os requisitos de autorização da ANP. Nada mais justo do que a igualdade de obrigações entre agentes que exercem a mesma função. Essa é a forma mais adequada de evitar possíveis distorções no processo competitivo.

Para se ter uma ideia, os requisitos mínimos para se tornar um distribuidor incluem a propriedade de pelo menos uma instalação de armazenamento de combustíveis líquidos ou de fração ideal de base compartilhada com capacidade total mínima de 750 m³; capital social de, no mínimo, R$ 4,5 milhões; qualificação jurídica e regularidade fiscal. A regulação facilita a fiscalização, assegurando os estoques operacionais mínimos, o controle de qualidade e segurança do produto, e o acompanhamento da eficiência logística, do transporte e disponibilidade do produto ao consumidor final.

Ao invés dessa proposta que só aumenta a sonegação, reduz o recolhimento de imposto e desestrutura o processo logístico, aumentando essa parcela no preço final, por que os que defendem a venda de etanol hidratado da usina para o posto de revenda não se concentram em reduzir os custos e ganhar produtividade? Acho que dessa forma, sim, ganharia o Brasil e toda a sociedade.

FONTE: Poder 360 13/06/2018

Proposta que permite venda direta de etanol aos postos ganha urgência

Os senadores aprovaram em Plenário nesta terça-feira (12) a urgência na tramitação do Projeto de Decreto Legislativo (PDS) 61/2018, que autoriza o produtor de etanol a vender o produto diretamente aos postos de combustíveis. A proposta susta o artigo 6º da Resolução 43/2009, da Agência Nacional de Petróleo (ANP), que só permite ao fornecedor comercializar o etanol com outro fornecedor cadastrado na ANP, com um distribuidor autorizado pela agência ou com o mercado externo.

Para o autor do projeto, senador Otto Alencar (PSD-BA), a recente crise institucional causada pelas paralisações de caminhoneiros contra a alta no preço dos combustíveis fez surgir a necessidade de alterar a política de comercialização do setor. Segundo o senador, a limitação imposta pela ANP “produz ineficiências econômicas ao impedir o livre comércio através da venda direta entre produtores de etanol e postos de abastecimento”.

Ao sustar a proibição, explica o senador, cria-se a alternativa dos fornecedores adquirirem o etanol, tanto das distribuidoras, quanto das usinas e das destilarias, incrementando a concorrência do mercado de combustíveis e, consequentemente, a redução no preço do produto para o consumidor final.

Com a urgência, a proposta passa a constar na Ordem do Dia da próxima sessão deliberativa da Casa.

FONTE: Senado 12/06/2018

Importadoras alertam ANP que programa para diesel pode inviabilizar compras externas

Importadoras de combustíveis alertaram a agência reguladora do setor no Brasil (ANP) que o programa do governo de subsídios ao diesel, fruto de negociações para encerrar a gigantesca greve dos caminhoneiros, poderá inviabilizar compras externas do combustível.

As empresas alegam que o preço base estabelecido como referência para o cálculo do subsídio diário está aquém do necessário para que possam operar de forma rentável, disse à Reuters o presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), Sérgio Araújo.

“A fórmula está correta, mas a base, a referência, eles partiram de um valor muito baixo, isso inviabiliza completamente as operações de importação. É um problema sério”, afirmou Araújo, destacando que a Abicom, criada em 2017, representa hoje nove importadoras que responderam juntas por 60 por cento do volume de diesel e gasolina importado no ano passado.

Sem alteração nessa referência defendida pela Abicom, a associação avalia que haveria risco de a Petrobras ser chamada a produzir ou a importar com perdas, como aconteceu no passado, para evitar uma escassez no mercado brasileiro. Em governos anteriores, para controlar a inflação, a estatal acumulou prejuízos bilionários ao vender o combustível mais barato do que o valor de importação.

O programa de subvenção, que prevê o ressarcimento de até 0,30 real por litro de diesel a produtores e importadores, foi criado para permitir redução de preços, atendendo demanda dos caminhoneiros, sem que as empresas fornecedoras do combustível fossem impactadas financeiramente.

O preço de referência para o cálculo vai sendo atualizado diariamente a partir de indicadores internacionais com base em um valor fixado em 21 de maio. Mas esse valor inicial, que segundo um decreto varia dependendo da região do país a até 2,4055 reais por litro, estaria abaixo da paridade de importação, impedindo a operação de importadoras privadas.

“O que a gente precisa é de um ajuste nesse preço de referência... e aí poderá ser uma boa legislação de forma que a gente continue operando. Mas se não houver essa modificação, as associadas da Abicom vão interromper realmente”, disse Araújo.

A cotação do combustível da Petrobras está congelada nas refinarias em 2,0316 real/litro (em média), e o governo fará a compensação de perdas, dependendo de como o mercado evoluir, o que estará espelhado no preço da referência. O programa é válido até o final ano.

“Nós estamos conversando (com a ANP)... Eu tenho certeza que eles estão sensíveis a isso (mudanças na base do preço de referência).”

Segundo o representante das importadoras, a ANP informou que não pode alterar os atuais preços de referência. No entanto, a reguladora poderia fazer sugestões ao governo federal para a terceira fase do programa, que se inicia a partir de agosto. Araújo ponderou que nenhuma promessa foi feita pela ANP.

Enquanto isso, o dirigente da associação afirmou que os volumes de importações das associadas da Abicom já começaram a cair.

RISCO DE DESABASTECIMENTO

Segundo o representante da Abicom, a Petrobras já vinha praticando preços abaixo da paridade de importação para recuperar participação de mercado, prejudicando a concorrência, durante este ano.

O movimento, segundo ele, fez com que, em março, as suas associadas importassem apenas 450 mil metros cúbicos de gasolina e diesel, segundo os dados mais recentes, contra média mensal 900 mil metros cúbicos no último trimestre de 2017.

Procuradas, a Petrobras e a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) não responderam aos pedidos de comentários.

Em declarações públicas, mesmo após a publicação do programa de subvenção, a ANP vem apoiando o livre mercado no setor de petróleo.

Especialistas, contudo, temem que a Petrobras volte a ser responsável por abastecer o mercado a qualquer custo, uma vez que o parque de refino no Brasil —quase 100 por cento da petroleira— não tem capacidade para atender completamente o mercado, principalmente se a economia continuar se recuperando.

Na avaliação do analista de petróleo da Tendências consultoria, Walter De Vitto, uma intervenção nos mercados, como o que ele considera estar ocorrendo atualmente no setor de diesel, pode abrir margem para demandas como a que os importadores estão levantando.

O presidente da J Forman Consultoria e ex-diretor da ANP, John Forman, criticou as medidas do governo e reforçou a ideia de que a Petrobras não tem hoje capacidade para atender a demanda pelo diesel sozinha, sem importar.

“Isso é uma trapalhada que não tem tamanho. O governo não se entende, está reagindo para lá e para cá... a Petrobras, para poder atender o mercado nacional, teria que ter mais refinarias, mas não tem”, disse Forman.

Enquanto isso, uma consulta pública para elaboração de uma resolução sobre a periodicidade do repasse dos reajustes de preços de combustíveis aos consumidores foi aberta pela ANP no início da semana. O regulador deverá receber sugestões até 2 de julho.

FONTE: Reuters 13/06/2018

sábado, 9 de junho de 2018

Nova tabela com preços de fretes será revogada, informa ministério

Com isso, volta a valer a tabela publicada em 30 de maio. Segundo Ministério dos Transportes, revogação se deve à reação dos caminhoneiros; reunião com a categoria acontecerá nesta sexta (8).

O Ministério dos Transportes informou no fim da noite desta quinta-feira (7) que revogará a nova tabela com os preços mínimos dos fretes, publicada no fim da tarde.

De acordo com a pasta, a tabela será revogada porque os caminhoneiros reagiram negativamente aos novos valores definidos (leia detalhes mais abaixo).

Diante disso, uma reunião foi marcada para esta sexta (8), na sede da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), em Brasília, para governo e caminhoneiros discutirem a formulação da nova tabela.

Na prática, explicou o ministério, com a revogação da tabela publicada nesta quinta, volta a valer a tabela publicada em 30 de maio, que já havia sido alvo de polêmica.

Segundo a pasta, não há data definida para a publicação da nova tabela de fretes.

Queda de 20% nos preços

Mais cedo, nesta quinta, o ministro dos Transportes, Valter Casimiro, havia informado que a segunda tabela reduziria em média 20% os preços dos fretes.

Segundo o ministro, a metodologia usada para a formulação era "factível" e com preços mais próximos aos praticados pelo mercado.

"Então, esta tabela conseguiu normalizar o valor do frete próximo ao que já vinha sendo aplicado no mercado", completou.

Greve dos caminhoneiros

A formulação da tabela dos fretes fez parte do acordo entre o governo e as lideranças de caminhoneiros para por fim à greve da categoria.

A paralisação durou 11 dias e gerou uma crise no abastecimento em todo o país.

Postos de combustíveis ficaram sem gasolina, diversos produtos não chegaram aos mercados, faltou gás de cozinha em várias cidades e também faltou querosene, em diversos aeroportos.

O governo propôs aos caminhoneiros, além da tabela, a redução de R$ 0,46 no litro do óleo diesel e a isenção de pagamento de pedágios para os eixos suspensos. 

FONTE: G1 07/06/2018

RenovaBio: venda direta de etanol aos postos exigiria adaptações, mas não o inviabilizaria

Na audiência pública do RenovaBio de terça-feira (5), foi dada uma brecha para que as usinas possam a vir a fazer a venda direta de etanol, se assim a Agência Nacional de Petróleo (ANP) legislar, com a possibilidade de que as indústrias passem a informar a distância percorrida entre a unidade e o usuário final do biocombustível. Se o tema prosperar, sob pressão que está de vários agentes privados, do Conselho de Administrativo de Direito Econômico (Cade) e de deputados da base do governo, aí é que serão elas, porque deverá implicar até em mudanças da modelagem do RenovaBio.

A principal delas é se os postos de gasolinas, ponta altamente pulverizada, passariam eles a adquirirem os Créditos de Descarbonização (CBios) sem as distribuidoras no meio do processo. Ou se chegaria a um meio termo.

“É difícil, mas não impossível”, disse uma fonte do setor, sob condição de anonimato, com trânsito direto em todas as discussões, para quem “as distribuidoras estão confortáveis diante da reivindicação de se acabar com a intermediação justamente porque, de um lado, o RenovaBio avançou com um status que muitos temem mexer, inclusive a ANP, sob risco de não dar certo, e, do outro, porque o desenho foi montado sobre o sistema atual na qual somente elas detêm o direito da distribuição”.

Marília Folegatti Matsuura, da Embrapa Meio Ambiente, e umas das líderes na montagem da RenovaCalc (instrumento que contabilizará a intensidade do carbono no processo da cadeia produtiva para efeito de precificação), lembrou que no caso das termoelétricas no Amazonas e o de biometano, foi-se levantada a questão da ausência de distribuidoras, mesmo assim a ANP bateu o martelo exigindo a participação desse intermediário se os setores quisessem se beneficiar do RenovaBio.

A situação, portanto, está assim ratificada: a distribuidora vai adquirir os CBios das unidades produtoras (de etanol, biodiesel) na quantidade correspondente à sua participação no mercado de combustíveis fósseis, e depois negociá-los na B3, o que equivale dizer que a ‘moeda’ que fará o novo Programa Nacional dos Biocombustíveis andar está nas mãos do segmento.

O resumo de Tarcilo Rodrigues, diretor da Bioagência, é o mesmo que dizer da necessidade total de mudança do RenovaBio diante do movimento que pede o fim do engessamento do sistema. “Sem chance. O CBio está obrigado às distribuidoras que têm cotas de fósseis.  O posto não distribui fósseis, ele é consumidor final”.

A pesquisadora da Embrapa recorda, também, que as distribuidoras que operam só com etanol estão livres da exigência de compra dos CBios, por razões óbvias de não operarem com combustíveis de petróleo.

Alexandre Lima, presidente da Feplana (federação nacional dos plantadores de cana) e da Usina da Coaf (Pernambuco), falando ao Notícias Agrícolas há dias, afirmou que os postos, sim, poderiam ficar com os CBios e negociá-los, desde que fosse feito um arranjo no estatuto do RenovaBio. Renato Cunha, presidente do Sindaçucar PE, também não vê como postergar o processo em nome de uma dificuldade que pode ser rearranjada, mas lembra de uma alternativa discutida.

Espécie de meio termo: "Num primeiro momento quem optar por venda direta não estaria aderindo ao processo de certificação de CBios", argumenta.

A porta aberta na audiência pública de há dois dias, se as usinas vierem a informar a distância – até então estava prescrito que as empresas informariam a porcentagem utilizada em cada modal -, já irá dar “alguma mexida” na RenovaCalc, mas Marília Folegatti Matsuura explica que é possível viabilizar, e também o peso do transporte é pequeno.

A partir do final deste mês, com a publicação das resoluções da audiência pública de há dois dias, as empresas interessas já devem começar a se preparar, inclusive olhando a safra futura, porque a partir de dezembro do ano que vem, ao RenovaBio será dado a largada.

FONTE: O tempo 06/06/2018

Importação de Diesel fez refinarias produzirem abaixo da capacidade

Em paridade com o mercado internacional, as medidas da Petrobras estimularam a importação, gerando ociosidade nas refinarias e aumento de preços na bomba. A Refinaria Abreu e Lima, em Suape, só produz 61% da capacidade

A gestão Pedro Parente encerrou nesta sexta-feira e a atenção voltou-se para a sustentação da política de preços adotada na sua passagem pela petroleira. Em paridade com o mercado internacional, a medida vem aumentando o preço dos combustíveis a partir de um reflexo que traz a tona um fator importante: a importação de combustíveis aumentou, reduzindo, assim, a participação da Petrobras no mercado nacional. Esse movimento gerou uma queda na produção brasileira. Para se ter ideia, a produção das refinarias nacionais já chegou a utilizar 94% da capacidade instalada. Hoje, esse fator de utilização está na casa dos 68%. A Refinaria Abreu e Lima em Pernambuco, por exemplo, já teve produção que estourou os 100% da utilização e hoje está operando em 61% da capacidade (março de 2018).

Os dados foram divulgados pelo Ministério de Minas e Energia (MME), solicitados por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI). Em relatórios da Agência Nacional do Petróleo (ANP), liberados na resposta ao pedido, o fator da utilização das refinarias em queda casa com o movimento de importação, em alta. Em 2016, um dos anos de maior atividade das refinarias nacionais (94%), o volume de diesel importado foi de 7,9 milhões de metros cúbicos (m3). Já em 2017, o volume importado no mercado internacional foi de 12,9 milhões de m3 de diesel, um aumento de 63%.

A despesa com a importação tinha reflexo no preço dos combustíveis na bomba, dentro da política de preços com ajuste diário, de acordo com a relação que inclui câmbio e cotação do petróleo. Em sua carta de demissão destinada ao presidente Michel Temer, Pedro Parente destaca que as suas ações tornaram a Petrobras uma empresa com reputação recuperada, indicadores de segurança em linha com as melhores empresas do setor e resultados financeiros muito positivos, como demonstrado pelo último resultado divulgado. Além disso, citou a dívida em franca trajetória de redução e um planejamento estratégico que tem se mostrado capaz de fazer a empresa investir de forma responsável e duradoura, gerando empregos e riqueza para o país.

Sobre a relação com a greve dos caminhoneiros, Parente citou que as graves consequências para a vida do país desencadearam um intenso e por vezes emocional debate sobre as origens dessa crise, colocando a política de preços da Petrobras sob intenso questionamento. “Poucos conseguem enxergar que ela reflete choques que alcançaram a economia global, com seus efeitos no país. Movimentos na cotação do petróleo e do câmbio elevaram os preços dos derivados, magnificaram as distorções de tributação no setor e levaram o governo a buscar alternativas para a solução da greve, definindo-se pela concessão de subvenção ao consumidor de diesel”, colocou. “Novas discussões serão necessárias. E, diante deste quadro fica claro que a minha permanência na presidência da Petrobras deixou de ser positiva e de contribuir para a construção das alternativas que o governo tem pela frente”, complementou.


FONTE: Diário de Pernambuco 02/06/2018

Importadoras veem risco para abastecimento com a criação de preços de referência regionais para o diesel

Mesmo com a garantia de receber subsídio do governo para reduzir o preço do diesel vendido às distribuidoras, as empresas que importam o combustível avaliam que a prática de preços "predatórios" da Petrobras em alguns mercados será mantida, o que deve inibir as importações de derivados e causar problemas de abastecimento no curto prazo.

Numa análise preliminar, a Abicom, que reúne companhias responsáveis por 60% das importações de gasolina e diesel, aponta que o preço de referência para o diesel fixado pelo governo nesta quinta-feira ficou abaixo do preço de paridade internacional em estados como Paraná, São Paulo, Pernambuco, Amazônia e Bahia. Esses estados abrigam portos que são importantes portas de entrada do combustível.

O receio de Sérgio Araújo, presidente da Abicom, é que as importadoras deixem de comprar o diesel, pois não conseguirão concorrer com a estatal nesses mercados. A associação já tem uma ação no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) contra a Petrobras, na qual pede que o órgão de defesa da concorrência verifique a prática de "preços predatórios".

Araújo diz que voltará a levar o assunto ao Cade e que também vai questionar a instituição dos preços de referência na Agência Nacional do Petróleo (ANP).

- Acho que pode faltar diesel, ter problemas de abastecimento, pois para muitas importadoras o fim da operação é melhor do que ter prejuízo. É inviável importar o diesel a um preço e o concorrente vender o produto a um valor bem menor - disse Araújo. - O que vai acabar acontecendo é que a Petrobras terá de elevar suas importações para atender a demanda interna porque não conseguirá suprir as necessidades de consumo apenas com seu parque de refino.

As importações de diesel e gasolina representam 24% do abastecimento nacional. A Petrobras responde por 72% do suprimento desses produtos, e as petroquímicas e a única refirnaria privada do país - a Refinaria Riograndense (antiga Refinaria Ipiranga) - ficam com uma fatia de 4% do mercado.

Para conseguir acabar com a paralisação dos caminhoneiros, entre os vários compromissos acertados com a categoria, o governo prometeu reduzir em R$ 0,46 o preço do litro do diesel nas refinarias. A redução de R$ 0,16 será obtida por meio da diminuição de tributos sobre o combustível. Os R$ 0,30 restantes serão subsidiados pelo Tesouro Nacional. A subvenção vale para produtores, como a Petrobras, e importadores.

Para receber o benefício, essas empresas deverão comprovar a venda do diesel às distribuidoras a um valor igual ou inferior ao preço médio de referência, que varia de acordo com a região do país. Haverá também preço de referência para as distribuidoras.

Foi o caminho que o governo encontrou para que a redução do preço chegasse às bombas, já que o custo para o Tesouro com o subsídio será de R$ 9,5 bilhões. A União abrirá mão de outros R$ 4 bilhões de arrecadação com a redução de tributos sobre o diesel. Mas o desconto exigido pelo governo ainda não chegou a vários postos.

Os preços de referência estabelecidos no decreto publicado nesta quinta-feira vão vigorar de 8 de junho a 31 de julho e serão atualizados periodicamente. Paralelamente, o governo avalia a instituição de reajustes periódicos dos preços nas refinarias. A ANP receberá contribuições da sociedade a partir da próxima segunda-feira.

Na gestão de Pedro Parente, que pediu demissão da Petrobras semana passada, a estatal passou a adotar o modelo de reajustes praticamente diários, acompanhando flutuações da cotação do petróleo no mercado internacional e do câmbio. A falta de previsibilidade e os sucessivos aumentos no preço do diesel foram o estopim para a greve dos caminhoneiros.

Para Araújo, a desvinculação de preços praticados no Brasil e no exterior vai inibir investimentos no refino e na infraestrutura de escoamento. Na avaliação da Federação Brasilcom, que reúne cinco sindicatos (representantes de 43 distribuidoras regionais), a política de preços livres também é fundamental para manter a concorrência no setor. Tanto as distribuidoras regionais como as importadoras cresceram com a política de Parente.

- Estimamos que reajustes quinzenais seriam o máximo possível pois permaneceríamos permitindo que os preços variem de acordo com os custos dos fornecedores - disse o diretor institucional da federação, Sergio Massillon. - Contudo devemos salientar que esta estabilidade deve ser considerada apenas a produtores, importadores e formuladores. Os distribuidores possuem políticas de preços diferentes para cada situação de mercado. Isso gera concorrência efetiva.

FONTE: O Globo 08/06/2018

Justiça suspende tabela mínima de frete para duas empresas no RN

Conforme a decisão, iniciativa do governo 'demonstra flagrante inconstitucionalidade', devendo ser rechaçada pelo Poder Judiciário

A Justiça Federal concedeu liminar a uma empresa do Rio Grande do Norte suspendendo os efeitos da tabela de preços mínimos para o frete na contratação de transporte rodoviário de carga. 

A decisão é assinada pelo juiz federal substituto Orlan Donato Rocha, da 8ª Vara Federal-RN. Conforme a decisão, a iniciativa do governo "demonstra flagrante inconstitucionalidade", devendo ser rechaçada pelo Poder Judiciário.

Segundo o magistrado, "resta evidente a intervenção do governo federal na economia, no sentido de impor regulamentação ao setor de transportes de cargas rodoviário, em ofensa aos princípios e fundamentos estabelecidos na Magna Carta."

Uma das exigências dos caminhoneiros para encerrar a paralisação das últimas duas semanas, a Medida Provisória 832/2018, publicada pelo governo no dia 30 de maio, prevê uma "Política de Preços Mínimos de Transporte Rodoviário de Cargas". A Resolução número 5.820/2018 - ANTT, por sua vez, passou a estabelecer que os preços mínimos têm caráter "vinculante" (com a tabela de frete), devendo ser utilizados no cálculo da contratação do frete.

O pedido de liminar foi feito pela empresa L Praxedes Gomes e Maresal Sociedade Salineira Ltda, de Mossoró (RN), de extração e beneficiamento de sal marinho, em um processo contra a União e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

Na decisão, o juiz Orlan Donato Rocha observa que "os autores necessitam de continuidade em seu negócios, não podendo aguardar indefinidamente a alteração da Medida Provisória 832/2018, tampouco contratar fretes sob essa nova sistemática, posto que torna inviável o comércio da mercadoria transacionada (sal), cujo valor, ínfimo, torna-se inviável, caso sejam mantidos os fretes terrestres rodoviários sob a égide da MP 832/2018 e respectiva Resolução 5.820/25018."

O juiz determina, ainda, que em caso de descumprimento da presente liminar, "a aplicação de multa diária no valor de R$ 1 mil, em desfavor da pessoa do diretor da ANTT no Estado do Rio Grande do Norte." 

FONTE: Estadão 07/06/2018

sábado, 2 de junho de 2018

Pedro Parente pede demissão da presidência da Petrobras; relembre trajetória

Em carta, executivo diz que permanência 'deixou de ser positiva e de contribuir para a construção das alternativas'. Sob comando de Parente, Petrobras voltou a registrar lucro e preços de combustíveis disparara.

A Petrobras anunciou nesta sexta-feira (1) que Pedro Parente pediu demissão do cargo de presidente da companhia. O executivo estava à frente da petroleira e maior estatal brasileira há exatos 2 anos.

O diretor financeiro da Petrobras, Ivan Monteiro, aceitou o convite do presidente Michel Temer para suceder Parente na presidência da estatal.

O pedido de demissão acontece em meio aos desgastes e pressões sofridos por Parente durante a greve dos petroleiros em razão das críticas à política de preços de combustíveis adotadas pela Petrobras na sua gestão. Desde julho do ano passado, o preço da gasolina e do diesel comercializado nas refinarias dispararam mais de 50% e foi um dos pontos mais criticados pela greve dos caminhoneiros e dos petroleiros.

Pela manhã, Parente se reuniu com o Temer no Palácio do Planalto, em Brasília. Na véspera, o executivo se encontrou com o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia.

"Minha permanência na presidência da Petrobras deixou de ser positiva e de contribuir para a construção das alternativas que o governo tem pela frente. Sempre procurei demonstrar, em minha trajetória na vida pública que, acima de tudo, meu compromisso é com o bem público. Não tenho qualquer apego a cargos ou posições e não serei um empecilho para que essas alternativas sejam discutidas", disse o executivo na carta de demissão.

Ações da Petrobras desabam 

Por volta das 13h, as ações da Petrobras desabavam mais de 19% na Bovespa, enquanto que o Ibovespa recuava perto de 1%. Mais cedo, a negociação de papéis da petroleira chegaram a ser interrompidas devido à forte queda.

Segundo dados da Economatica, por volta das 13h desta sexta, a companhia estava avaliada em R$ 215,7 bilhões, contra os R$ 388,8 bilhões da máxima do ano, registrada no dia 16 de maio. Ou seja, em 15 dias, a Petrobras encolheu R$ 173 bilhões em valor de mercado. No fechamento do último pregão, a petroleira estava avaliada em R$ 271,5 bilhões.

Apesar do tombo nos últimos dias, as ações da Petrobras continuam em situação bem melhor do que 2 anos atrás. No dia 1 de junho de 2016, dia em que Parente tomou posse, a companhia estava avaliada na bolsa em R$ 123,3 bilhões.

Trajetória na Petrobras 

Parente estava no comando da Petrobras desde 1º de junho de 2016. Aos 63 anos, o carioca substituiu Aldemir Bendine - que havia renunciado ao cargo e que seria preso um ano depois, no âmbito da operação Lava Jato - e se deparou com uma das maiores crises pelas quais a companhia já enfrentou.

Sob o comando de Parente, a Petrobras voltou a operar no azul, após 4 anos no vermelho. No 1º trimestre, a companhia registrou lucro líquido de R$ 6,961 bilhões, o melhor resultado dos últimos 5 anos. Já a dívida líquida da Petrobras encerrou o 1º trimestre em R$ 270,7 bilhões, após ter chegado a R$ 391 bilhões no final de 20105.

Uma das saídas de Parente para reduzir endividamento e recuperar o caixa foi vender parte dos ativos da empresa e reduzir o número de funcionários.

Em 2017, as agências de classificação de risco Moody's e Standard&Poor's elevaram a nota da Petrobras, destacando a gestão da dívida - considerada um dos maiores desafios -, a melhora da governança e a chamada "política de desinvestimentos", que permitiu a entrada de caixa de US$ 6,4 bilhões para a empresa em 2017. Até 2018, a empresa tem a meta de levantar mais US$ 21 bilhões com as vendas de ativos.

O número de funcionários diretos recuou de 78,4 mil em 2015 para 62,7 mil no fim de 2017, entre cortes e programa de demissão voluntária (PDV). Os terceirizados, por sua vez, passaram de 132 mil a 100 mil.

A estatal empresa voltou a cumprir as metas de produção e, no ano passado, bateu recorde pelo 4º ano consecutivo, com 2,15 milhões de barris por dia.

Os bons resultados financeiros obtidos por Parente à frente da Petrobras levou o executivo a ser eleito também para o cargo de presidente conselho de administração de outra empresa em crise, a BRF, em substituição a Abilio Diniz.

Em maio deste ano, Petrobras chegou a retomar o posto de maior empresa brasileira de capital aberto em valor de mercado, em meio à valorização das ações na esteira da alta dos preços do petróleo e anúncio distribuição de R$ 652 milhões para acionistas.

Começava também em maio, no entanto, o pior momento de Parente na estatal desde que assumira o cargo. O primeiro tombo nas ações ocorreu no dia 24 de maio, com os investidores reagindo mal ao anúncio de redução de 10% no preço do diesel e às medidas anunciadas pelo governo para subsidiar o preço do combustível. A interpretação do mercado foi que a petroleira cedeu a pressões políticas, perdendo a credibilidade.

Em apenas 8 pregões, a empresa chegou a perder R$ 126 bilhões em valor de mercado em meio à greve dos caminhoneiros e voltou a perder o posto de empresa brasileira mais valiosa na Bolsa.

Disparada nos preços do diesel e da gasolina

Sob a gestão Parente, a Petrobras adotou novo formato na política de ajuste de preços de combustíveis em 3 de julho do ano passado. Com a nova metodologia, os reajustes passaram a acontecer com maior frequência, inclusive diariamente, refletindo as variações do petróleo e derivados no mercado internacional, e também do dólar.

Se por um lado, a nova política favoreceu o caixa da Petrobras, a trajetória dos dois preços que determinam o valor do combustível (preço do petróleo e dólar) ficou cada vez mais desfavorável para os consumidores brasileiros. Na semana que antecedeu a paralisação dos caminhoneiros, a gasolina e o diesel sofreram altas por cinco dias consecutivos nas refinarias.

Confira a íntegra da carta de Pedro Parente: 

Excelentíssimo Senhor Presidente da República, 
Quando Vossa Excelência me estendeu o honroso convite para ser presidente da Petrobras, conversamos longamente sobre a minha visão de como poderia trabalhar para recuperar a empresa, que passava por graves dificuldades, sem aportes de capital do Tesouro, que na ocasião se mencionava ser indispensável e da ordem de dezenas de bilhões de reais. Vossa Excelência concordou inteiramente com a minha visão e me concedeu a autonomia necessária para levar a cabo tão difícil missão. 
Durante o período em que fui presidente da empresa, contei com o pleno apoio de seu Conselho. A trajetória da Petrobras nesse período foi acompanhada de perto pela imprensa, pela opinião pública, e por seus investidores e acionistas. Os resultados obtidos revelam o acerto do conjunto das medidas que adotamos, que vão muito além da política de preços. 
Faço um julgamento sereno de meu desempenho, e me sinto autorizado a dizer que o que prometi, foi entregue, graças ao trabalho abnegado de um time de executivos, gerentes e o apoio de uma grande parte da força de trabalho da empresa, sempre, repito, com o decidido apoio de seu Conselho. 
A Petrobras é hoje uma empresa com reputação recuperada, indicadores de segurança em linha com as melhores empresas do setor, resultados financeiros muito positivos, como demonstrado pelo último resultado divulgado, dívida em franca trajetória de redução e um planejamento estratégico que tem se mostrado capaz de fazer a empresa investir de forma responsável e duradoura, gerando empregos e riqueza para o nosso país. E isso tudo sem qualquer aporte de capital do Tesouro Nacional, conforme nossa conversa inicial. Me parece, assim, que as bases de uma trajetória virtuosa para a Petrobras estão lançadas. 
A greve dos caminhoneiros e suas graves consequências para a vida do País desencadearam um intenso e por vezes emocional debate sobre as origens dessa crise e colocaram a política de preços da Petrobras sob intenso questionamento. Poucos conseguem enxergar que ela reflete choques que alcançaram a economia global, com seus efeitos no País. Movimentos na cotação do petróleo e do câmbio elevaram os preços dos derivados, magnificaram as distorções de tributação no setor e levaram o governo a buscar alternativas para a solução da greve, definindo-se pela concessão de subvenção ao consumidor de diesel. 
Tenho refletido muito sobre tudo o que aconteceu. Está claro, Sr. Presidente, que novas discussões serão necessárias. E, diante deste quadro fica claro que a minha permanência na presidencia da Petrobras deixou de ser positiva e de contribuir para a construção das alternativas que o governo tem pela frente. Sempre procurei demonstrar, em minha trajetória na vida pública que, acima de tudo, meu compromisso é com o bem público. Não tenho qualquer apego a cargos ou posições e não serei um empecilho para que essas alternativas sejam discutidas. 
Sendo assim, por meio desta carta, apresento meu pedido de demissão do cargo de Presidente da Petrobras, em caráter irrevogável e irretratável. Coloco-me à disposição para fazer a transição pelo período necessário para aquele que vier a me substituir. 
Vossa Excelência tem sido impecável na visão de gestão profissional da Petrobras. Permita-me, Sr. Presidente, registrar a minha sugestão de que, para continuar com essa histórica contribuição para a empresa — que foi nesse período gerida sem qualquer interferência política — Vossa Excelência se apoie nas regras corporativas, que tanto foram aperfeiçoadas nesses dois anos, e na contribuição do Conselho de Administração para a escolha do novo presidente da Petrobras. 
A poucos brasileiros foi dada a honra de presidir a Petrobras. Tenho plena consciência disso e sou muito grato a que, por um período de dois anos, essa honra única me tenha sido conferida por Vossa Excelência. 
Quero finalmente registrar o meu agradecimento ao Conselho de Administração, meus colegas da Diretoria Executiva, minha equipe de apoio direto, os demais gestores da empresa e toda força de trabalho que fazem a Petrobras ser a grande empresa que é, orgulho de todos os brasileiros. 
Respeitosamente, 
Pedro Parente 

FONTE: G1 01/05/2018

Crise no abastecimento: os perigos do Metanol, a mistura da moda

Mesmo em tempos de falta de combustível, o consumidor deve ficar atento a gasolina oferecia nos postos. E a mistura da moda tem nome: o metanol

Uma das recentes preocupações do Procons de São Paulo é o avanço de um tipo de fraude que está crescendo de em  postos de gasolina de todo o país: o uso do metanol na mistura da gasolina. Uma situação que se agravou nos últimos dias em decorrência da paralisação de caminhoneiros em todo o país e que resultou na escassez aguda de combustível nos postos de gasolina.

O metanol é um derivado do petróleo (erroneamente associado ao álcool) e extraído a partir da coleta de gás natural.

Hoje, a legislação brasileira impede o uso do metanol como combustível. O seu uso no País é permitido apenas como insumo na indústria de transformação. “No Brasil, a legislação brasileira entende que o metanol é insumo e não combustível. Ele é usado na produção de madeira do tipo MDF, entre outros fins”, explica Helvio Rebeschini, no Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis de Lubrificantes (Sindicom).

No entanto, a lei não tem sido uma barreira para o uso do metanol como combustível. O motivo é a carga tributária que incide sobre o produto, afinal o metanol é importado e isento de tributação de exportação no Brasil – um elemento que o torna atraente para empresas que realizam esse tipo de mistura ilegal. Além disso, há também o momento econômico delicado do País. “Mesmo se compararmos as poucas cargas tributárias que incidem sobre o metanol para a sua entrada no País, ele ainda é vantajoso em relação  a gasolina ou mesmo o álcool”, ressalta.

No fim, muitos postos tem adicionado o metanol em quantidades cada vez maiores no combustível. Embora, de novo, a adição de metanol seja proibida no País, o sindicato da categoria afirma ter flagrado postos de gasolina com combinações que chegaram a 50% de gasolina, 27% de álcool e 23% de metanol. “Eu já ouvi relatos o acréscimo de 50% de metanol na mistura”, afirma.

Riscos à saúde

Outro lado perigoso diz respeito à saúde. O metanol é mais tóxico que os combustíveis e sua exposição contínua pode até causar cegueira ou afetar o sistema nervoso do corpo humano.

Outro risco é a chamada chama invisível. “A queima do combustível causa uma chama invisível aos olhos. O material foi usado em competições automobilísticas e causou acidentes sérios”, afirma.

E como identificá-lo?

A identificação do produto é simples, segundo Rebeschini. No entanto, algumas dicas são importantes na hora de identificar se um produto é algo do uso de metanol ou de outra fraude. E uma delas é o preço do combustível.

Em uma situação normal de abastecimento de combustível, o combustível batizado com metanol é reconhecido por um valor mais baixo na comparação com a gasolina.

“Quando a situação normalizar, fique sempre atento ao preço. Faça uma pesquisa no seu bairro e verifique o preço de 10 postos de combustíveis. Se um deles apresentar uma diferença de R$ 0,20 e até R$ 0,10 na comparação com os demais, é preciso ficar atento. Pode ser uma promoção, mas se o preço persistir pelos dias seguintes, há risco do consumidor comprar um produto de qualidade discutível. Não há segredo nessa área: postos trabalham com margens de lucros baixas. Se um valor é bem diferente, desconfie”, afirma.

FONTE: Consumidor Moderno 30/05/2018