sábado, 2 de junho de 2018

Crise no abastecimento: os perigos do Metanol, a mistura da moda

Mesmo em tempos de falta de combustível, o consumidor deve ficar atento a gasolina oferecia nos postos. E a mistura da moda tem nome: o metanol

Uma das recentes preocupações do Procons de São Paulo é o avanço de um tipo de fraude que está crescendo de em  postos de gasolina de todo o país: o uso do metanol na mistura da gasolina. Uma situação que se agravou nos últimos dias em decorrência da paralisação de caminhoneiros em todo o país e que resultou na escassez aguda de combustível nos postos de gasolina.

O metanol é um derivado do petróleo (erroneamente associado ao álcool) e extraído a partir da coleta de gás natural.

Hoje, a legislação brasileira impede o uso do metanol como combustível. O seu uso no País é permitido apenas como insumo na indústria de transformação. “No Brasil, a legislação brasileira entende que o metanol é insumo e não combustível. Ele é usado na produção de madeira do tipo MDF, entre outros fins”, explica Helvio Rebeschini, no Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis de Lubrificantes (Sindicom).

No entanto, a lei não tem sido uma barreira para o uso do metanol como combustível. O motivo é a carga tributária que incide sobre o produto, afinal o metanol é importado e isento de tributação de exportação no Brasil – um elemento que o torna atraente para empresas que realizam esse tipo de mistura ilegal. Além disso, há também o momento econômico delicado do País. “Mesmo se compararmos as poucas cargas tributárias que incidem sobre o metanol para a sua entrada no País, ele ainda é vantajoso em relação  a gasolina ou mesmo o álcool”, ressalta.

No fim, muitos postos tem adicionado o metanol em quantidades cada vez maiores no combustível. Embora, de novo, a adição de metanol seja proibida no País, o sindicato da categoria afirma ter flagrado postos de gasolina com combinações que chegaram a 50% de gasolina, 27% de álcool e 23% de metanol. “Eu já ouvi relatos o acréscimo de 50% de metanol na mistura”, afirma.

Riscos à saúde

Outro lado perigoso diz respeito à saúde. O metanol é mais tóxico que os combustíveis e sua exposição contínua pode até causar cegueira ou afetar o sistema nervoso do corpo humano.

Outro risco é a chamada chama invisível. “A queima do combustível causa uma chama invisível aos olhos. O material foi usado em competições automobilísticas e causou acidentes sérios”, afirma.

E como identificá-lo?

A identificação do produto é simples, segundo Rebeschini. No entanto, algumas dicas são importantes na hora de identificar se um produto é algo do uso de metanol ou de outra fraude. E uma delas é o preço do combustível.

Em uma situação normal de abastecimento de combustível, o combustível batizado com metanol é reconhecido por um valor mais baixo na comparação com a gasolina.

“Quando a situação normalizar, fique sempre atento ao preço. Faça uma pesquisa no seu bairro e verifique o preço de 10 postos de combustíveis. Se um deles apresentar uma diferença de R$ 0,20 e até R$ 0,10 na comparação com os demais, é preciso ficar atento. Pode ser uma promoção, mas se o preço persistir pelos dias seguintes, há risco do consumidor comprar um produto de qualidade discutível. Não há segredo nessa área: postos trabalham com margens de lucros baixas. Se um valor é bem diferente, desconfie”, afirma.

FONTE: Consumidor Moderno 30/05/2018