sábado, 8 de setembro de 2018

Combustíveis em alta: Preço médio do etanol tem primeiro aumento em semanas

Com maior aumento para a gasolina, biocombustível segue valorizado e é competitivo em sete estados

1. Na média nacional, o preço do etanol correspondeu a 59,1% do valor de comercialização da gasolina, o menor índice desde julho de 2010
2. No período, foi vantajoso abastecer com etanol em São Paulo, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e no Distrito Federal
3. O preço do etanol nos postos aumentou em cinco estados, diminuiu em 17 e no DF, se manteve no Paraná, no Mato Grosso do Sul e em Rondônia, e não foi registrado no Amapá
4. Preço médio da gasolina subiu 0,38% e o do etanol, 0,19%
5. A cotação do biocombustível voltou a subir nas usinas de Mato Grosso, São Paulo e Goiás

Parece que finalmente o preço do etanol nas bombas dos postos do país está refletindo os aumentos sucessivos nas usinas. Na semana de 26 de agosto a 1 de setembro, tanto o biocombustível quanto a gasolina tiveram aumentos nos seus valores médios. Os dados foram divulgados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Depois de meses de quedas, o aumento de 0,19% no valor do renovável nessa semana não foi prejudicial, mantendo-o valorizado na comparação com o fóssil equivalente.

Na média nacional, o preço do etanol correspondeu a 59,1% do valor de comercialização da gasolina – inferior à paridade energética comercialmente estabelecida em 70% e o menor valor desde a primeira semana de julho de 2010.

O indicador teve uma redução de 0,16%, menor do que a vista nas últimas semanas, mas mantém a competitividade do etanol na tendência favorável vista desde abril.

Preço nas bombas

De acordo com a ANP, entre 26 de agosto e 1 de setembro, o preço do etanol nos postos aumentou em cinco estados, recuou em 17 e no Distrito Federal, se manteve no Paraná, no Mato Grosso do Sul e em Rondônia, e novamente não foi registrado no Amapá.

Mesmo com tantas reduções nos estados, seu preço médio a nível nacional passou de R$ 2,621 para R$ 2,626 por litro. O aumento de 0,19% é o primeiro desde a sequência de reduções vista desde abril.

O valor médio da gasolina também aumentou, passando de R$ 4,429 para R$ 4,446 por litro, um aumento de 0,38%.

Estados

Com as reduções nos preços observadas nas últimas semanas, o biocombustível segue em vantagem em Goiás, São Paulo, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná e Rio de Janeiro, e passou a ser vantajoso também no Distrito Federal.

São Paulo, mais uma vez, apresentou o menor valor médio do etanol nas bombas: R$ 2,408/l, mesmo que tenha aumentado 0,63% na última análise. Com um aumento de 0,84%, para a gasolina, a relação entre os combustíveis chegou a 57%.

Já Mato Grosso segue com o segundo menor valor para o biocombustível, R$ 2,529/l, graças à queda de 0,63%. Com o aumento de 0,24% para a gasolina, o estado atingiu novamente a menor relação entre os combustíveis: 54,8%.

Nos postos mineiros, os dois combustíveis tiveram pequenos aumentos. Ainda assim, a relação média entre eles caiu e se manteve favorável ao biocombustível, 59,2%.

Em Goiás, o preço do etanol caiu 0,11%, enquanto a gasolina subiu 0,15%. Assim, a relação comercial entre eles se manteve favorável para o biocombustível, em 59,9%.

Enquanto isso, no Paraná, o preço do etanol se manteve em R$ 2,658/l, o terceiro mais baixo do país. Com o aumento de 1,06% para a gasolina, a relação entre eles caiu para 61,9%, mantendo-se favorável ao etanol.

O Distrito Federal passou a figurar na lista dos estados em que o biocombustível está valorizado em relação à gasolina após uma queda de 1,91% no seu preço médio. Com uma redução de apenas 0,16% no valor do combustível fóssil, a relação entre eles ficou em 69,9%, favorável ao etanol.

Usinas

Nas usinas, o preço do biocombustível segue subindo em Mato Grosso, Goiás e São Paulo. O Indicador Cepea/Esalq do etanol hidratado no estado paulista mostra que sua cotação subiu 9,09%, chegando a uma alta de 12,1% nas últimas duas análises.

Em Mato Grosso, por sua vez, a cotação do etanol hidratado subiu 8,32% em relação à última análise. No período acumulado, a valorização é de 14,3%.

Já em Goiás, a cotação do etanol nas usinas subiu 10,48% entre as duas últimas análises. Assim, o acumulado nas últimas 54 semanas é de 16,8%.

FONTE: Nova Cana 03/09/2018

sábado, 1 de setembro de 2018

Diesel subsidiado reduz espaço para importação

A nova metodologia de cálculo do preço do diesel, com a concessão de subsídio pelo governo, deve continuar repercutindo no mercado de combustíveis ao longo dos próximos dois trimestres. Enquanto os importadores alegam que as medidas tomadas pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) reduz os incentivos para a importação de óleo diesel, a agência reguladora alega que a medida é emergencial e que não terá impacto sobre a estrutura do setor.

A intervenção estatal no preço dos combustíveis é fruto da paralisação, por dez dias no mês de maio, dos caminhoneiros. À época,o governo federal concedeu um subsídio de R$ 0,30 por litro ao óleo diesel, como forma de estancar a insatisfação dos grevistas, o que beneficiou a Petrobras num primeiro momento e derrubou os incentivos à importação, uma vez que o preço no mercado local ficou baixo demais para justificar a compra do produto no exterior.

A Ipiranga, braço do Grupo Ultra, afirmou que o preço do litro do diesel caiu R$ 0,46 após a greve. Isso, segundo a companhia, gerou uma despesa contábil de R$ 123 milhões no segundo trimestre, visto que o valor do combustível estocado teve que ser ajustado para baixo.

A empresa também registrou um impacto negativo de R$ 40 milhões decorrente de problemas na operação e de queda nas vendas durante a greve dos caminhoneiros.

“O mercado teve um primeiro trimestre bastante fora da curva, com a questão muito grande de produtos importados no mercado”, disse o diretor financeiro e de relações com investidores do Grupo Ultra, André Pires, durante teleconferência de resultados do segundo trimestre.

“Essa tendência foi se corrigindo principalmente ao longo do início do segundo trimestre, mas de certa maneira a greve acabou mudando essa tendência”, acrescentou.

A própria Petrobras mudou sua estratégia após a greve dos caminhoneiros. Se antes a ideia era diminuir o refino de combustíveis no mercado nacional, com a taxa de uso das refinarias em 68% antes da paralisação, depois a lógica se inverteu e a taxa chegou a 81% ao final do segundo trimestre.

Em nota, a Petrobras disse que busca usar seus ativos de forma a garantir a rentabilidade mais adequada à companhia que o nível utilização das refinarias “depende, dentre outros fatores, das cotações de preços de petróleo e derivados, da disponibilidade das unidades de processo e do volume de combustíveis a ser entregue aos clientes”.

Nesta semana o órgão reulador divulgou nova fórmula para o cálculo do subsídio ao diesel. Contudo, os principais importadores acreditam que a metodologia de cálculo para o preço do combustível inviabiliza as operações de importação.

“Os custos considerados pela resolução não refletem a realidade. A nossa expectativa é de que nenhum agente fará importação neste ano”, comentou o presidente executivo da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), Sérgio Araújo.

Segundo a Abicom, a fórmula final da ANP para o preço do diesel resolve a questão dos custos no exterior, algo que era uma preocupação dos agentes do setor em relação à formula original, mas continua prevendo valores inferiores aos efetivamente praticados no mercado para os custos de terminais portuários e para o frete dentro do Brasil.

Segundo ele, além de prejudicar as importações neste ano, a intervenção da agência causa insegurança quanto ao futuro das importações de combustíveis, uma vez que o programa chegará ao fim e a Petrobras, detentora de 98% do refino no país, voltará a ditar os preços no mercado. Neste caso, se ela voltar a praticar preços alinhados com o mercado internacional, os importadores seguirão a mesma política.

“No caso do diesel há um déficit de 20% do volume comercializado. Então vai depender de qual será a política de preço que a Petrobras vai praticar”, disse.

De acordo com relatório do banco UBS, as novas regras para o cálculo da subvenção do governo, divulgada nesta semana pela ANP, devem deixar pouca margem de lucro para as empresas importadoras, o que teria capacidade para aumentar a demanda por combustível refinado no país.

Isto seria positivo para a Petrobras, não fosse o incêndio recente na em sua maior refinaria, a de Paulínia (Replan). O incidente paralisou as atividades no local e forçou a Petrobras a aumentar a compra de combustível no exterior, o que a coloca em situação tão desvantajosa quanto a dos demais importadores.

A empresa deverá importar cinco cargas de óleo diesel, totalizando 1,5 milhão de barris, e uma de querosene de aviação para recompor estoques perdidos com a paralisação na Replan.

“As mudanças [na fórmula do preço de referência do diesel] são insuficientes para garantir a paridade com o preço internacional e margens para as refinarias domésticas e para os importadores”, disse o UBS em relatório.

Entretanto, na visão da ANP, a fórmula não terá impacto sobre a concorrência, e afirmou que tem se pautado por políticas que estimulam a competição no setor. “Temos avaliado a estrutura de refino no Brasil buscando identificar a proposição de medidas que estimulem a entrada de novos atores no segmento, com o objetivo de aumentar a concorrência”, afirmou a agência.

FONTE: Agência CMA 29/08/2018

Importadoras de diesel ameaçam abandonar mercado

Representante das empresas importadoras de combustíveis, a Abicom afirma que suas associadas vão se retirar do mercado de óleo diesel até o fim do ano. Elas consideram insuficiente o preço do produto definido pelo governo em seu cálculo da subvenção ao consumo. “Todo mundo que importar vai ter prejuízo”, disse o presidente da entidade, Sérgio Araújo. Sem a participação dos importadores, há risco de desabastecimento, afirmou. O alerta já havia sido dado pela Petrobrás em audiência pública da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), no dia 17.

A partir de sexta-feira passa a valer nova metodologia de cálculo da subvenção do diesel. A fórmula passará a considerar os custos de frete para trazer o combustível até os portos brasileiros, de tancagem para manter o produto armazenado e de transporte rodoviário até o mercado consumidor. Com isso, o governo esperava atrair importadores para o mercado, para torná-lo mais competitivo. Mas, segundo Araújo, a cotação utilizada como referência para o preço do litro não condiz com a realidade, porque está abaixo da paridade internacional.

FONTE: O Petróleo 30/08/2018

ANP divulga metodologia de cálculo do preço de referência do óleo diesel

A ANP publica amanhã (28/8), no Diário Oficial da União (DOU), resolução que estabelece a metodologia de cálculo do preço de referência (PR) para a concessão de subvenção econômica à comercialização de óleo diesel que estará vigente a partir de 31/08/2018. Essa metodologia de cálculo do preço de referência valerá até o fim do programa de subvenção.

Os principais aperfeiçoamentos realizados na proposta após o período de consulta e audiência pública foram:

- substituição dos indicadores Platts por referências Argus para calcular a paridade de importação (PPI) em quatro portos: Itaqui, Suape, Paranaguá e Santos;
- inclusão dos custos de movimentação e armazenagem nos terminais portuários;
- consideração dos custos de logística interna para entrega em cada uma das regiões do país;
- separação das bases regionalizadas Sudeste e Centro-Oeste.

FONTE: ANP 28/08/2018 

MT mostra entusiasmo na produção de etanol de milho

Produção de Mato Grosso abasteceria não apenas o estado, mas também Amazonas e Rondônia.

Mato Grosso mostra um entusiasmo pelo etanol de milho, e o histórico das vendas de combustíveis no estado e nas regiões vizinhas aponta para um bom potencial.

A avaliação é de Andy Duff, analista de açúcar e de etanol do Rabobank, banco especializado em agronegócio.

Na safra 2017/18, Mato Grosso produziu 1,40 bilhão de litros de etanol. Deste volume, 290 milhões foram de combustível oriundo de milho.

A capacidade produtiva a ser incorporada no setor é de 1,5 bilhão de litros, considerados apenas os grandes projetos com o cereal a serem desenvolvidos nos próximos anos.

A produção de Mato Grosso abasteceria não apenas o estado, mas também Amazonas e Rondônia. Nessa região, o consumo de combustível do ciclo Otto (gasolina e etanol) tem evolução média anual de 8%.

A perspectiva de crescimento, tomando como base a média histórica da região, é boa, mas depende de alguns fatores, diz Duff.

Essa dependência passa pela evolução da renda da população, pelo acesso a crédito para a aquisição de carros e pelo aumento do uso do veículo.

O estrategista destaca, ainda, que o aumento do consumo do etanol hidratado depende da eficiência do combustível e da paridade de preços entre álcool e gasolina.

Duff traça dois cenários. Se a gasolina mantiver a fatia atual de mercado, a demanda nos estados de Mato Grosso, Amazonas e Rondônia aumentará 1 bilhão de litros de 2017 a 2023. Eficiência maior do etanol gerará um aumento de 2,1 bilhões de litros no período.

É difícil avaliar os preços futuros, segundo o analista do Rabobank. Eles dependem da oferta de etanol e do valor da gasolina. Já este depende dos preços externos do petróleo, do câmbio e da tributação.

A produção de etanol de milho e de seus derivados (o DDGS é um deles) é interessante, principalmente se o preço do cereal refletir o valor médio dos últimos anos e a venda de etanol ocorrer no estado e na vizinhança sob as condições atuais de precificação da gasolina, diz Duff.

O etanol de milho movimenta outras atividades. Serão necessários 85 mil hectares de eucalipto para a produção de cavacos para a industrialização projetada.

Duff alerta, no entanto, que a demanda de etanol e os preços futuros, por causa da volatilidade natural no setor, podem gerar riscos. É importante testar os projetos com cenários de estresse (Folha de S.Paulo, 28/8/18)


FONTE: Folha 28/08/2018