segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Por que o Brasil importa petróleo?

Desde a quebra do monopólio estatal do petróleo brasileiro em 1997, tem-se visto uma subida nas importações de petróleo estrangeiro. Após várias promessas da autossuficiência do Brasil nesse campo e das grandes reservas de petróleo pré-sal já sendo exploradas, fica a dúvida: Por que o Brasil importa petróleo?

Com a política de paridade de preços da Petrobras, a importação de petróleo estrangeiro passou a ser muito vantajosa para regiões brasileiras distantes de refinarias, que são concentradas na região Sudeste. Por exemplo, no estado do Maranhão, por conta de custos logísticos, vale mais a pena importar gasolina do golfo do México do que de refinarias mais ao sul do Brasil.

Porém, o ponto mais importante e pouco abordada na discussão de importação e exportação de petróleo no Brasil é a importância vital que óleos leves importados têm para as refinarias brasileiras. Todo tipo de petróleo, bom ou ruim, deve passar por um processo de refino para virar combustível. Durante esse refino, ocorrem diversos processos químicos que dependem de indústrias complexas, de alta tecnologia e caras para que eles sejam bem-sucedidos. Quanto mais pesado é o petróleo, mais complexo o processo se torna. O Brasil possui um petróleo pesado, que necessita de um processo de refino muito complexo.

Há 20 ou 30 anos, o Brasil não possuía alta tecnologia para o refino e necessitava da importação de altas quantidades de petróleo estrangeiro. Isso porque, ao misturar o petróleo estrangeiro de alta qualidade (mais leve) e o petróleo brasileiro de baixa qualidade (mais pesado), o processo de refino do petróleo resultante se torna consideravelmente mais fácil.

Porém, com o passar dos anos, diversas refinarias foram construídas e melhoradas no Brasil, de forma que essa a capacidade brasileira de processar esse petróleo aumentou. Ou seja, atualmente não é preciso que se exporte uma quantidade muito alta de petróleo estrangeiro para o refino de quantidades pequenas do petróleo nacional. Apesar disso, essa necessidade ainda existe e a importação de petróleo é necessária ao Brasil.

Muito do petróleo nacional também é exportado. Isso porque no exterior, o petróleo brasileiro é utilizado para a fabricação de asfalto e para a mistura com o petróleo de lá, pois ele é mais pesado e mais barato. Ou seja, o Brasil é ao mesmo tempo exportador e importador de petróleo, com o detalhe importante de que exporta petróleo pesado e importa petróleo leve.

Para agora avaliar-se o saldo da balança comercial dessa commodity em específico, devemos analisar o crescimento da produção nacional, pois ela diminui a necessidade de importação da gasolina propriamente dita, mas aumenta a necessidade de importação de óleos leves para mistura com o petróleo nacional. Além disso, a melhora de tecnologia, como explicado, é outra força que está diminuindo as necessidades de importação ao longo do tempo. Na prática, percebe-se que há também uma forte relação da balança com o câmbio.


FONTE: O Petróleo – 24/10/2018

Etanol deve subir menos na entressafra diante de recuo da gasolina da Petrobrás

Diante de uma invertida em outubro nas cotações do petróleo, a Petrobrás anunciou uma série de cortes no preço médio da gasolina

Os preços do etanol hidratado no Brasil devem subir menos durante a entressafra de cana-de-açúcar no centro-sul, ante as previsões iniciais, dada a recente queda nas cotações da gasolina da Petrobrás, o concorrente direto do biocombustível, avaliaram especialistas.

Os valores do álcool sazonalmente avançam entre o final de um ano e o início do seguinte por causa da menor produção na principal região canavieira do País.

Mas o tombo da gasolina nas refinarias da Petrobrás neste mês aponta para um ganho menor pelo etanol, dado o risco de perda de competitividade. Isso pode impactar os lucros de usinas que se prepararam para entrar cheias de estoques na entressafra após o petróleo vir numa crescente no mercado internacional, renovando máximas em quatro anos desde agosto.

Diante de uma invertida em outubro nas cotações do petróleo, a Petrobrás anunciou uma série de cortes no preço médio da gasolina em suas refinarias, culminando com uma redução de 3,8% no preço médio a partir de quarta-feira,24, para abaixo de R$ 2 por litro, o menor patamar desde agosto.

Só em outubro a estatal reduziu a cotação do combustível em cerca de 10%.

“É evidente que essa redução (da gasolina) diminuiu o ‘gap’ até onde poderíamos chegar com o etanol... Com certeza se reduziu o potencial de apreciação do etanol na entressafra”, disse o diretor da comercializadora Bioagência, Tarcilo Rodrigues.

Para ele, a tendência é o biocombustível ainda se manter atrativo nos próximos meses, com seu preço abaixo da paridade de 70% ante o da gasolina. Mas "se meu concorrente baixa a régua, vou ter de elevar menos", ponderou.

Por ora, ele calcula que, somando-se impostos e demais tributos, o etanol nas usinas paulistas pode atingir algo entre R$ 2,35 e R$ 2,45 por litro na entressafra, de R$ 2,18 atualmente.

O analista João Paulo Botelho, da INTL FCStone, também avaliou que, "dada a situação atual, isso impacta o teto que o etanol pode chegar" na entressafra.

"A queda da gasolina pode diminuir a competitividade do etanol, podemos ver uma redução de consumo, embora nos principais produtores, como São Paulo e Minas Gerais, ainda deva se manter atrativo por um tempo", disse.

Usinas do centro-sul impulsionaram a fabricação de álcool na atual temporada 2018/19, na esteira de preços elevados da gasolina e do enfraquecimento das referências internacionais do açúcar na Bolsa de Nova York.

Tanto que há algumas semanas se falava em uma alta maior para o etanol na entressafra, sem se perder a competitividade.

Repasse

O consumidor deve sentir em cerca de uma semana nos postos os recentes cortes nos preços da gasolina pela Petrobrás, previu o analista Walter De Vitto, da Tendências.

"Até zerar o estoques do distribuidor e dos postos, em tese não faz sentido baixar os preços... Tem naturalmente um descasamento. A gente imagina que no máximo em uma semana já será possível fazer esse repasse", disse.

Para ele, os preços da Petrobrás estão "razoavelmente alinhados" com as referências internacionais do petróleo e o câmbio, que cederam nas últimas semanas. "Esses foram os principais drivers para os reajustes", afirmou.

Um eventual recuo nos valores da gasolina nas bombas se daria logo após o produto atingir recordes país afora.

Na semana passada, a média de preço do combustível fóssil no Brasil foi de R$ 4,725 por litro, um recorde nominal, conforme monitoramento da reguladora ANP.

O repasse dos reajustes da Petrobrás aos consumidores depende de distribuidores, revendedores, impostos, além da mistura obrigatória de etanol anidro na composição da gasolina vendida nos postos.

O etanol hidratado, por sua vez, teve média nacional de R$ 2,943 por litro na semana passada, alta de 1% em relação à semana imediatamente anterior, segundos os dados da ANP.

FONTE: Reuters – 23/10/2018

Juiz decide que venda direta de etanol a postos é válida

A medida mantém uma tutela antecipada concedida em junho pelo próprio magistrado, decisão liminar que foi suspensa em seguida após pedido da Agência Nacional de Petróleo

O juiz da 10ª Vara Federal de Pernambuco Edvaldo Batista da Silva Júnior, julgou procedente o pedido de usinas para que comercializem etanol hidratado diretamente aos postos de combustíveis sem a necessidade da intermediação de distribuidoras. A medida mantém uma tutela antecipada concedida em 26 de junho pelo próprio magistrado, decisão liminar que foi suspensa em seguida após pedido da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), responsável pela fiscalização do setor.

A sentença foi concedida no processo de recurso pelos sindicatos representantes do setor sucroalcooleiro de Pernambuco, Alagoas e Sergipe e pela Cooperativa do Agronegócio dos Associados da Associação dos Fornecedores de Cana-de-Açúcar (Coaf) contra a União e a ANP.

A proposta dividiu os produtores de etanol, pois representantes do setor no Centro-Sul do Brasil são contrários à venda direta. A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) chegou a solicitar o ingresso no processo como parte interessada, pedido que foi negado.

“Qual é a lógica de se obrigar que esse combustível dê voltas e voltas para chegar ao seu último local de venda ao consumidor, no caso o posto em que abastece o seu veículo? Que mal a venda direta poderá causar ao setor de combustíveis? Em que afetará a sua fiscalização sob o encargo dos agentes da ANP?”, indagou o juiz em sentença. Segundo ele, assim como a ANP, as distribuidoras são fiscalizadas e isso pode ocorrer com produtores e os postos de revenda.

O presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar no Estado de Pernambuco (Sindaçúcar) e vice-presidente do Fórum Nacional do Setor Sucroenergético, Renato Cunha, afirmou que a decisão consagra os princípios da livre concorrência, é emblemática e histórica.

De acordo com o executivo, produtores de etanol de Pernambuco terão reuniões nesta quinta-feira, 25, na Secretaria da Fazenda daquele estado para poder ajustar e ter conhecimento das tabelas do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) aplicadas ao etanol hidratado.

A ANP informou que não vai comentar a decisão de mérito em primeira instância.

FONTE: Canal Rural - 25/10/2018

sábado, 20 de outubro de 2018

Dólar futuro aprofunda alta ante real após notícia de saída de Ilan no fim do ano

O dólar interrompeu uma sequência de três quedas e terminou a quinta-feira com a primeira alta ante o real nesta semana, num movimento de correção parcial à forte queda recente, influenciado pelo cenário externo de maior aversão ao risco.

O dólar avançou 1,16 por cento, a 3,7250 reais na venda, na terceira alta registrada desde o primeiro turno das eleições no dia 7 de outubro. Na véspera, a moeda norte-americana fechou no menor valor em quase cinco meses, a 3,6822 reais. No mês até a véspera, a moeda acumulava queda de 8,79 por cento.

Na mínima desta sessão, a moeda foi a 3,6734 reais e, na máxima, a 3,7325 reais. O dólar futuro tinha alta de cerca de 0,90 por cento.

"A tendência [da cotação do dólar] segue sendo de baixa, com a eleição como catalisador. Naturalmente sempre fica algum hedge montado para qualquer efeito surpresa", ponderou o operador da corretora H.Commcor, Cleber Alessie Machado.

Na véspera, fluxo de recursos ajudou o dólar a furar o piso de 3,70 reais, mas operadores avaliaram que transpor 3,65 reais, considerado outro suporte forte, será um pouco mais difícil.

A percepção é de que um patamar mais baixo para o dólar daqui para a frente será alcançado com o andamento de uma agenda reformista no governo.

Para o mercado, o candidato a presidente com mais chances de implementar essa agenda seria Jair Bolsonaro (PSL), devido principalmente à sua escolha de Paulo Guedes como principal assessor econômico.

Nesta noite, outra pesquisa Datafolha será divulgada e o mercado quer saber se a ampla vantagem de Bolsonaro para Fernando Haddad (PT) mostrada nos últimos levantamentos vai se manter.

"Por mais que a vantagem de Bolsonaro siga confortável, investidores devem ajustar portfólios a cada novo estudo. Mas na prática os movimentos já começam a refletir expectativas com políticas futuras do iminente governo do PSL, com foco nos temas privatização e ajuste fiscal", acrescentou Alessie Machado.

No exterior, o dólar subia ante a cesta de moedas, e ante a maioria das divisas emergentes, como os pesos chileno e mexicano.

O Banco Central ofertou e vendeu integralmente nesta sessão 7,7 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares. Desta forma, rolou 5,005 bilhões de dólares do total de 8,027 bilhões de dólares que vence em novembro.

Se mantiver essa oferta diária e vendê-la até o final do mês, terá feito a rolagem integral.

A notícia de que o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, estaria se preparando para deixar a instituição até o final do ano acabou pressionando o dólar nos minutos finais da sessão.

A moeda norte-americana aprofundou a alta com que já trabalhava desde mais cedo e terminou acima de 1 por cento de valorização no mercado à vista, movimento que se estendeu pontualmente no dólar futuro, que continua sendo negociado após o pregão.

A notícia, veiculada pela Bloomberg, pegou alguns investidores de surpresa, sobretudo pelo 'timing' em que ocorreu, no meio de um processo eleitoral bastante polarizado.

"Achei ruim pelo momento, traz um ruído desnecessário", comentou um profissional da mesa de derivativos de uma instituição local.

Ilan Goldfajn goza de muita credibilidade junto ao mercado financeiro, depois de uma gestão que conseguiu conter a alta da inflação e ancorar as expectativas dos agentes, até o momento.

"Ele está fazendo uma ótima presidência no BC e é claro que o mercado gostaria que ele ficasse. Mas o mercado tem confiança no Paulo Guedes, acho que foi um susto inicial", acrescentou o diretor de operações da Mirae, Pablo Spyer.

Assessor econômico do candidato Jair Bolsonaro (PSL) --que lidera a disputa à Presidência da República--, Paulo Guedes é o principal responsável pelo apoio que o ex-capitão tem recebido do mercado financeiro. Liberal, ele é responsável pelas propostas que passam pelo ajuste do estado e reformas fiscais.

"Sem ele no BC, um dos sonhos não vai acontecer... o novo governo ficar com Ilan e toda a diretoria, mesmo que num prazo combinado", acrescentou o economista do banco Fator José Francisco de Lima Gonçalves.

FONTE: Reuters 18/10/2018

Analistas prevêem preços do petróleo para 2022

Analistas da Fitch Solutions prevêem que o preço do Brent Crude Oil será em média US $ 91 por barril em 2022, revelou um novo relatório.

O Brent está previsto pelos analistas da Fitch Solutions em média US $ 75 por barril este ano, US $ 82 por barril no ano que vem, US $ 85 por barril em 2020 e US $ 89 por barril em 2021, segundo o relatório, enviado à Rigzone.

Estas previsões foram notavelmente superiores ao consenso Bloomberg para o Brent, que prevê que a commodity atinja em média US $ 73,6 por barril em 2018, US $ 75,3 por barril em 2019, US $ 72 por barril em 2020, US $ 70 por barril em 2021 e US $ 66,2 por barril em 2022.

Analistas da Fitch Solutions estimam que o preço médio do WTI atingirá US $ 68 por barril este ano, US $ 75 por barril no próximo ano, US $ 81 por barril em 2020, US $ 85 por barril em 2021 e US $ 87 por barril em 2022.

O consenso da Bloomberg para WTI prevê que a commodity atinja a média de US $ 68 por barril em 2018, US $ 68,9 por barril em 2019, US $ 65,4 por barril em 2020, US $ 63,5 por barril em 2021 e US $ 62,3 por barril em 2022.

“A perspectiva sobre o Brent é amplamente otimista, impulsionada pelas crescentes restrições do lado da oferta. A perda de exportações do Irã, os baixos estoques, a capacidade ociosa limitada e o contínuo investimento insuficiente no setor farão com que o mercado entre em déficit a partir de 2019 ”, disseram analistas da Fitch Solutions no relatório.

“Dito isso, notamos os riscos crescentes para a demanda, à medida que os mercados emergentes começam a sentir a dor de um dólar mais forte, liquidez mais apertada, preços mais altos do petróleo e aumento do protecionismo”, acrescentaram os analistas.

No relatório, a Fitch Solutions disse que os Estados Unidos serão o mercado de crescimento dominante em relação a 2019 e 2020, “adicionando cerca de o dobro do número de barris que a Arábia Saudita”, de acordo com seus dados.

“Vários gargalos surgiram na bacia Permiana este ano. Em especial, a capacidade insuficiente de retirada colocou uma pressão descendente sustentada nos diferenciais regionais de preços, limitando o investimento e a produção. No entanto, expansões rápidas de dutos irão eliminar esse gargalo do segundo trimestre de 2012 ”, disseram os analistas da Fitch Solutions.

A Fitch Solutions também afirmou que, no papel, a Arábia Saudita tem capacidade suficiente para manter o mercado em equilíbrio.

“Os custos envolvidos em trazer sua capacidade total on-line, no entanto, provavelmente superariam os benefícios, não apenas devido às altas exigências de capital e às perspectivas incertas de demanda”, disseram os analistas.

FONTE: O Petróleo 18/10/2018