segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Oferta de etanol até março será 25% maior, mas demanda elevará preço, diz Unica

A oferta de etanol hidratado entre setembro de 2018 e março de 2019, quando se encerra a entressafra de cana no centro-sul do Brasil, deverá ser 25 por cento maior na comparação com igual período do ciclo anterior, mas ainda assim insuficiente para atender à crescente demanda pelo biocombustível, disse à Reuters um representante do setor sucroenergético.

De acordo com o diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Antonio de Padua Rodrigues, com o consumo crescendo a um ritmo muito maior do que o suprimento, os preços devem se elevar, para um melhor equilíbrio de mercado, mas a um ponto em que o biocombustível seguirá competitivo frente a gasolina em várias regiões.

Ele ressaltou que, do início da safra no centro-sul, em abril, até agosto, a demanda cresceu 42 por cento na comparação anual.

“Não dá para manter 42 por cento de demanda com 25 por cento de oferta… Em algum momento vai ser exigido algum ajuste, não acredito que seja no curto prazo. Também não acredito que seja de forma abrupta ou que o etanol perca sua competitividade”, disse Rodrigues.

Usinas da principal região produtora de cana do mundo impulsionaram a fabricação de álcool na atual temporada 2018/19, na esteira de preços elevados da gasolina, seu concorrente direto, e do enfraquecimento das referências internacionais do açúcar na Bolsa de Nova York.

Os dados mais recentes da Unica mostram que entre abril e a primeira quinzena de setembro foram fabricados quase 16 bilhões de litros de álcool hidratado no centro-sul, contra menos de 10 bilhões em igual intervalo de 2017/18. Já as vendas do produto usado diretamente nos tanques dos veículos saltaram para mais de 9 bilhões de litros, de 6,4 bilhões no ano anterior.

O suprimento estimado para setembro a março considera esse incremento de produção e os estoques nas usinas.

Entressafra longa

Os receios quanto à oferta e aos preços do etanol nos próximos meses se justificam pela entressafra, que neste ano será mais longa, já que há menos cana para ser processada. Segundo Rodrigues, usinas devem encerrar os trabalhos já a partir da segunda metade de outubro, uma quinzena antes do habitual.

FONTE: O Petróleo 04/10/2018