sábado, 21 de julho de 2018

Etanol de milho do Brasil é mais sustentável que dos EUA

Não há dúvidas de que o uso do milho como matéria-prima para a produção de etanol é um caminho sem volta no Brasil. Se num passado recente a viabilidade do negócio despertava dúvidas, hoje são vão várias as fontes de informações que a confirmam.

O estudo mais recente (encomendado pela FS Bioenergia e realizado pela Agroícone) analisou os impactos socioeconômicos da produção de etanol de milho no Brasil. Com foco no médio prazo, a avaliação leva em conta os impactos da instalação de uma usina que produz anualmente 500 milhões de litros de etanol, além dos coprodutos DDGs (Dried Distillers Grains), óleo bruto de milho e eletricidade. E os resultados não poderiam ser melhores para quem defende a produção do biocombustível com o cereal.

No que diz respeito ao meio ambiente, a “pegada de carbono” do etanol de milho brasileiro (entre 18 e 25m5 CO2eq/MJ) representa uma redução acima de 70% em comparação com a gasolina. A vantagem também é confirmada em relação ao etanol de milho produzido nos Estados Unidos. Segundo o estudo, uma das principais razões é o uso – por aqui – de biomassa de eucalipto como fonte de energia para as usinas, enquanto os norte-americanos utilizam gás natural e carvão mineral (e não vegetal como menciono equivocadamente no vídeo abaixo). Outra diferença é que o nosso milho, por ser plantado na segunda safra, demanda menor uso de fertilizantes nitrogenados do que nos Estados Unidos.

No campo social, a atividade tem força emblemática. São gerados cerca de 8,5 mil empregos diretos e indiretos durante a fase de construção e implantação da indústria. Já durante a operação, são pelo menos 4,5 mil postos de trabalho. Importante frisar que estes empregos são gerados em diferentes segmentos que complementam a cadeia do biocombustível, como a própria produção da matéria-prima, o transporte e o fornecimento de biomassa de eucalipto.

A análise também revela o tamanho do impacto positivo que uma usina nestas proporções é capaz de gerar na economia regional. Na fase de implantação, o movimento estimado na economia doméstica é de R$ 1,5 bilhão, com valor de produção de R$ 660 milhões e nível nacional e R$ 80 milhões em impostos indiretos líquidos e impostos diretos. Já o valor de produção anual previsto gira em torno de R$ 2,5 bilhões e um PIB de R$ 910 milhões, sendo que 80% desses valores ficam dentro do estado.

Os números reforçam o potencial da atividade que vislumbra grande expansão em Mato Grosso. Atualmente 4 usinas instaladas no estado produzem o biocombustível usando o milho como matéria-prima, sendo que 3 delas são “flex”, ou seja, também usam a cana-de-açúcar nesta produção. Segundo a União Nacional do Etanol de Milho (Unem), existem outras 3 usinas em fase de implantação no estado, além de mais 4 projetos de instalação.

Investimento que deve colocar em prática as projeções da Unem, que prevê que nos próximos 5 anos a produção de etanol de milho no estado salte de aproximadamente 700 milhões para algo em torno de 3 bilhões de litros anuais.

FONTE: Canal Rural 17/07/2018